Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1234-56781806-94790550104
Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo original

Competitividade e Isomorfismo: análise do perfil estrutural e financeiro-contábil de grandes cooperativas agropecuárias brasileiras1

Gustavo Leonardo Simão; Cristina Lélis Leal Calegário; Luiz Marcelo Antonialli; Antônio Carlos dos Santos

Downloads: 0
Views: 1068

Resumo

Resumo:: Com as mudanças ocorridas no agronegócio, as cooperativas agropecuárias, pautadas por uma atuação local, com pouca agregação de valor, passaram a buscar novas formas de estruturação. Intentou-se identificar a estruturação e as peculiaridades financeiro-contábeis das cooperativas agropecuárias com maior volume de vendas no contexto brasileiro frente às organizações não cooperativas do mesmo segmento. O enfoque partiu de uma análise documental e da técnica contábil da análise vertical, bem como da utilização do teste de médias estatísticas Mann-Whitney com a finalidade de comparação das rubricas da DRE de um conjunto de 15 cooperativas e 14 empresas não cooperativas discriminadas como pertencentes ao conjunto de organizações com maiores vendas no segmento de produção agropecuária em 2013. Os resultados confirmam a amplitude da estruturação em relação ao portfólio de negócios das cooperativas, visto a extensa atuação em diversificação concêntrica e conglomerada. Evidenciou-se, também, a paridade competitiva entre os segmentos de negócios analisados, principalmente pelo fato de não haver diferenças entre as taxas finais de “lucratividade”. Ademais, há uma aparente refutação da ideia de que tal paridade competitiva se dá por uma orientação excessivamente voltada ao mercado, em detrimento de uma orientação social, haja vista os pontos diferenciadores verificados.

Palavras-chave

Cooperativismo, gestão, modelo de negócio.

Referências

AMODEO, N. B. P. As cooperativas agroindustriais e os desafios da competitividade. 1999. 259 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRRJ, 1999.

ANTUNES, M. T. P. et al. A eficiência das informações divulgadas em “Melhores & Maiores” da Revista Exame para a previsão de desempenho das empresas. Revista Contabilidade e Finanças, v. 15, n. esp., p. 41-50, 2004.

ASHFORTH, B. E; REINGEN, P. H. Functions of Dysfunction Managing the Dynamics of an Organizational Duality in a Natural Food Cooperative. Administrative Science Quarterly, v. 20, n. 10, p. 1-43, 2014.

ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços - um enfoque econômico-financeiro. 10. ed. São Paulo: Altas, 2012.

BALLEIRO, C. F. et al. Cooperativismo é Economia Social: fortalecendo a identidade cooperativa - o Brasil Cooperativo Mostra o seu Valor: benefícios sócio-econômicos gerados para a sociedade. In: Seminário Tendências do Cooperativismo Contemporâneo, 3, Cuiabá/MT. Anais... Cuiabá: OCB/Sescoop, 2004.

BARNI, E. J. E; BRANDT, S. A. Descentralização, diversificação e tamanho de cooperativas agropecuárias. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, DF, v. 30, n. 1p. 1-10, 1992.

BEKKUMM, O. V. Cooperatives Models and Farm Policy Reform - Exploring Patterns in Structure-Strategy Matches of Dairy Cooperatives in Protected vs. Liberalized Markets. Breukelen: The Netherlands Institute for Cooperatives Entrepreneurship, 2001.

BIALOSKORSKI NETO, S. Cooperativas: um ensaio sobre eficiência econômica, contratos e fidelidade. In: BIALOSKORSKI NETO, S. Workshop Internacional de Tendências do Cooperativismo. Ribeirão Preto: FEARP/USP, 2008, p. 85-93.

BIALOSKORSKI NETO, S. Economia e gestão de organizações cooperativas. São Paulo: Atlas, 2012. 231 p.

BIJMAN, J; HENDRIKSE, G; OIJEN, A. Accommodating two worlds in one organization: changing board models in agricultural cooperatives. Managerial and Decision Economics, v. 34, n. 3-5, p. 204-217, 2013.

BOGONI, N. M; NELSON, H; BEUREN, I. M. Análise da relação entre crescimento econômico e gastos públicos nas maiores cidades da região Sul do Brasil. Revista de Administração Pública, v. 45, n. 1, p. 159-179, 2011.

BOLAND, M; HOGELAND, J; MCKEE, G. Current issues in strategy for agricultural cooperatives. Choices, v. 26, n. 3, 2011. Disponível em: <Disponível em: http://www.choicesmagazine.org/choices-magazine/theme-articles/critical-issues-for-agricultural-cooperatives/current-issues-in-strategy-for-agricultural-cooperatives >. Acesso em: 27 jun. 2014.

BOONE, C; OZCAN, S. Why do Cooperatives emerge in a World Dominated by Corporations? The Diffusion of Cooperatives in the U.S. Bio-Ethanol Industry, 1978-2013. Academy of Management Journal, v. 57, n. 4, p. 990-1012, 2014.

BRITTO, J. Diversificação, Competências e Coerência Produtiva. In: KUPLER, D; HANSENCLEVER, L. Economia industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: Elservier, 2013, p. 193-210.

CARDOSO, V. I. C. et al. Investimento em responsabilidade social corporativa e criação de valor nos Maiores Bancos Brasileiros. Registro Contábil, v. 4, n. 2, p. 90-104, 2013.

CECHIN, A. et al. Drivers of pro-active member participation in agricultural cooperatives: evidence from Brazil. Annals of Public and Cooperative Economics, v. 84, n. 4, p. 443-468, 2013a.

CECHIN, A. et al. Decomposing the Member Relationship in Agricultural Cooperatives: Implications for Commitment. Agribusiness, v. 29, n. 1, p. 39-61, 2013b.

CENTNER, T. J. The role of cooperatives in agriculture: Historic remnant or viable membership organization? Journal of Agricultural Cooperation, v. 3, p. 94-106, 1988.

CHADDAD, F. R. Cooperativas no Agronegócio do Leite: Mudanças Organizacionais e Estratégicas em resposta à Globalização. Organizações Rurais e Agroindustriais, v. 9, p. 69-78, 2007.

CHADDAD, F. R.; ILIOPOULOS, C. Control Rights, Governance, and the Costs of Ownership in Agricultural Cooperatives. Agribusiness, v. 29, n. 1, p. 3-22, 2013.

CRÚZIO, H. O. Por Que as Cooperativas Agropecuárias e Agroindustriais Brasileiras estão Falindo. Revista de Administração de Empresas, v. 39, n. 2, p. 18-26, 1999.

D’ANGELO, A. C. et al. Marketing de relacionamento junto a consumidores finais: um estudo exploratório com grandes empresas brasileiras. Revista de Administração Contemporânea, v. 10, n. 1, p. 73-93, 2006.

D’AUNNO, T. A. et al. Isomorphism and external support in conflicting institutional environments: A study of drug abuse treatment units. Academy of Management Journal, v. 34, n. 3, p. 636-661, 1991.

DREWS, G. A. Gestão de Recursos Humanos orientada ao comprometimento: a prática em cooperativas do noroeste do RS. 2000, 168 f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2000.

EDITORA ABRIL. Revista Exame - Melhores & Maiores. 2013. Disponível em: <Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/melhores-e-maiores/ >. Acesso em:10 nov. 2014.

EMELIANOFF, I. V. Economic theory of cooperation: economic structure of cooperative organizations. Edwards, 1942.

ENKE, S. Consumer cooperatives and economic efficiency. American Economic Review, v. 35, n. 1, p. 148-155, 1945.

FIELD, A. Descobrindo a estatística usando o SPSS. 2. ed.Porto Alegre: Artmed, 2009.

FULTON, M; GIANNAKAS, K. The future of agricultural cooperatives. Annual Review of Resource Economics, v. 5, p. 61-91, 2013.

GALERANI, J. Formação, estruturação e implementação de aliança estratégica entre empresas cooperativas. RAE eletrônica, v. 2, n. 1, 2003.

GIMENES, R. M. T; GIMENES, F. M. P. Agronegócio cooperative: a transição e os desafios da competitividade. Redes, v. 12, n. 2, p. 92-108, 2007.

HINE, S. et al. Methods of Evaluating Business Opprotunities: A Study of 70 Cooperatives in Colorado and Indiana. In: WCC-72 Annual Meeting. Las Vegas, Nevada. Proceedings... Las Vegas: WCC-72, 2001.

HOGELAND, J. A. The economic culture of US agricultural cooperatives. Culture & Agriculture, v. 28, n. 2, p. 67-79, 2006.

JULIÁ-IGUAL, J. F. et al. Strategies developed by leading EU agrifood cooperatives in their growth models. Service Business, v. 6, n. 1, p. 27-46, 2012.

KRAATZ, M. S; BLOCK, E. S. Organizational implications of institutional pluralism. In: GREENWOOD, R. et al. (Eds.). The Sage handbook of organizational institutionalism. London: Sage, 2008, p. 243-275.

LEVI, Y; DAVIS, P. Cooperatives as the “enfants terrible” of economics: Some implications for the social economy. The Journal of Socio-Economics, v. 37, p. 2178-2188, 2008.

LING, K. C. Cooperative theory, practice, and financing: A Dairy Cooperative case study. USDA - Research Report 221. Washington: USDA, 2011. Disponível em: <Disponível em: http://www.rurdev.usda.gov/supportdocuments/RR221.pdf >. Acesso em: 27 jun. 2014.

MARTINS, D. L. C. C; SOUZA, J. P. Atributos da transação e mensuração e sua influência nas relações entre cooperados e cooperativas em sistemas agroindustriais suinícolas. Revista de Administração Mackenzie, v. 15, n. 3, 2014.

MARTINS, E; DINIZ, J. A; MIRANDA, G. J. Análise avançada das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas , 2012.

MAZZAROL, T. Co-operative enterprise: A unique business model? In: Paper presented at Future of Work and Organizations. In: Annual ANZAM Conference, 25. Wellington, New Zealand. Proceedings… Wellington/NZ:ANZAM, 2011.

MEYER, J. W; ROWAN, B. Formal Structure as Myth and Ceremony. American Journal of Sociology, v. 83, n2, p. 340-363, 1977.

MICHELS, V. Uma contribuição à analise dos princípios de administração financeira aplicados a sociedades cooperativas de produção agrícola. 2000. 166 f. Tese (Doutorado em Contabilidade)-Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

MOREIRA, V. R. et al. O cooperativismo e a gestão dos riscos de mercado: análise da fronteira de eficiência do agronegócio paranaense. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 50, n. 1, p. 51-68, 2012.

NECK, H. et al. The landscape of social entrepreneurship. Business Horizons, v. 52, p. 13-19, 2009.

NILSSON, J. Co-operative organizational models as reflections of the business environments. LTA, v. 4, n. 99, p. 449-470, 1999.

NILSSON, J.; SVENDSEN, G. L. H; SVENDSEN, G. T. Are large and complex agricultural cooperatives losing their social capital? Agribusiness, v. 28, n. 2, p. 187-204, 2012.

NOVKOVIC, S. The balancing act: Reconciling the economic and social goals of co-operatives. In: Proceedings… International Summit of Cooperatives, 2012. Quebec: Quebec, 2012, p. 289-299.

OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras. Dados consolidados de 2008. Disponível em: <Disponível em: http://www.ocb.org.br/gerenciador/ba/arquivos/0209_parte3_apresentacaoocb.pdf >. Acesso em: 30 nov. 2014.

PLANAS, J; VALLS-JUNYENT, F. ¿Por qué fracasaban las cooperativas agrícolas? Uma respuesta a partir del análisis de um núcleo de la Ca; taluña rabassaire. Investigaciones de Historia Económica, v. 7, p. 310-321, 2011.

PUUSA, A. et al. Mission lost? Dilemmatic dual nature of co-operatives. Journal of Co-operative Organization and Management, v. 1, p. 6-14, 2013.

REARDON, T. et al. Global change in agrifood grades and standards: agribusiness strategic responses in developing countries. The International Food and Agribusiness Management Review, v. 2, n. 3-4, p. 421-436, 1999.

RONKOSKI, J. Avaliação do processo de capacitação profissional nas cooperativas agropecuárias no Paraná. 2003, 115 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 2003.

SANTOS, M. A. C; LUSTOSA, P. R. B. O efeito dos componentes do lucro contábil no preço das ações. Revista UnB Contábil, v. 11, n. 1-1, p. 87-103, 2008.

SERIGATI, F. C; AZEVEDO, P. F. Comprometimento, características da cooperativa e desempenho financeiro: uma análise em painel com as cooperativas agrícolas paulistas. Revista de Administração, v. 48, n. 2, p. 222-238, 2013.

SOUZA, U. R; BRAGA, M. J. Diversificação concêntrica na cooperativa agropecuária: um estudo de caso da COMIGO. Gestão da Produção, v. 14, n. 1, p. 169-179, 2007

TAKAMATSU, R. T. et al. Impactos da divulgação de prejuízos nos retornos de ações de companhias participantes do IBOVESPA. Revisto Universo Contábil, v. 4, n. 1, p. 46-63, 2008.

TEIXEIRA, E. C; KASSOUF, L. A. A Relação entre Violência nas Escolas e Desempenho Escolar no Estado de São Paulo em 2007: uma Análise Multinível. Rede de Economia Aplicada, 2011. {Working Paper, n. 9}.

TORGERSON, R. E. A Critical Look at New-Generation Cooperative. Rural Cooperatives, v. 68, n. 1, p. 15-19, 2001.

TRECHTER, D. D. et al. Using communications to influence member commitment in cooperatives. Journal of Cooperatives, v. 17, p. 14-32, 2002.

VALENTINOV, V. Why are cooperatives important in agriculture? An organizational economics perspective. Journal of Institutional Economics, v. 3, n. 1, p. 55-69, 2007.

WANG, H. H. et al. Contracting, negotiation, and the policy change: the conflict between Korean farmers and their agricultural cooperatives. Agricultural Economics, v.57, n.10, p. 467-473, 2011.

WANG, X. et al. The Empirical Study on Operating Efficiency of Agricultural Cooperatives in Langao. International Journal of Business and Management, v. 7, n. 17, p. 60-69, 2012.

ZYLBERSZTAJN, D. Quatro estratégias fundamentais para cooperativas agrícolas. In: BRAGA, M. J; REIS, B. S. (Orgs.). Agronegócio cooperativo-reestruturação e estratégias. Viçosa: Suprema, 2002, p. 55-75.
 

5ced9c910e88252c4ea63c0f resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections