Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1234-56781806-94790550105
Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo original

Governança e Institucionalização das Indicações Geográficas no Brasil

Paulo Andre Niederle; Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas; John Wilkinson

Downloads: 2
Views: 1117

Resumo

Resumo:: Indicações Geográficas constituem mecanismos de propriedade intelectual, diferenciação qualitativa e desenvolvimento territorial que vêm recebendo crescente atenção no Brasil. O artigo analisa o processo de governança e institucionalização desse mecanismo. A partir de pesquisa qualitativa conduzida por meio de revisão documental, observação participante dos espaços de gestão, e entrevistas com policy makers e stakeholders, o artigo identifica os múltiplos atores que participam da governança das IG, delimita suas posições em diferentes fóruns e tipifica os referenciais que orientam seus discursos e práticas. A partir disso, e tendo em vista as especificidades do contexto institucional brasileiro, discute as diferentes alternativas de governança participativa que têm sido propostas como espaços de mediação e construção de entendimentos entre as organizações públicas e privadas.

Palavras-chave

Geográficas, ação pública, instituições, sistema agroalimentar.

Referências

ALLAIRE, G. et al. Les dispositifs français et européens de protection de la qualité et de l’origine dans le contexte de l’OMC: justifications générales et contextes nationaux. In: SYMPOSIUM INTERNATIONAL TERRITOIRES ET ENJEUX DU DEVELOPPEMENT REGIONAL. Anais... Lyon: CIHEAM-IAMM. 2005.

BARBOSA, D. Da titularidade múltipla das indicações geográficas. In: VIEIRA, A. C. P; BRUCH, K. L. (Orgs.). Indicação geográfica, signos coletivos e desenvolvimento. São Paulo: IBPI, 2015.

BELAS, C. A; WILKINSON, J. Indicações geográficas e a valorização comercial do artesanato em Capim-dourado no Jalapão. Sustentabilidade em Debate, v. 5, p. 56-78, 2014.

BELLETTI, G; MARESCOTTI, A; TOUZARD, J-M. Geographical indications, public goods, and sustainable development: the roles of actors’ strategies and public policies. World Development, 2015. (in press).

BOLTANSKI, L; CHIAPELLO, E. Le nouvel esprit du capitalismo. Paris: Gallimard, 1999.

BOLTANSKI, L; CHIAPELLO, E; THEVENOT, L. De la justification. Paris: Gallimard , 1991.

BRUCH, K. L. Signos distintivos de origem: entre o velho e novo mundo vitivinícola. 1. ed. Passo Fundo: Editora IMED, 2013a.

BRUCH, K. L. A legislação brasileira sobre indicações geográficas em face das experiências internacionais. In: NIEDERLE, P.A. (Org.). Indicações geográficas: qualidade e origem nos mercados internacionais. Porto Alegre: UFRGS, 2013b. p. 245-260.

BUSCH, L. Standards: recipes for reality. Massachussets: MIT Press, 2013.

CALLON, M; LASCUMES, P; BARTHES, Y. Agir dans um monde incertain. Paris: Seuil, 2001.

CASABIANCA, F. et al. Terroir e tipicidade: dois conceitos-chave para as Indicações Geográficas. In: NIEDERLE, P. A. (Org.). Indicações Geográficas: qualidade e origem nos mercados alimentares. Porto Alegre: UFRGS , 2013. p. 201-226.

CERDAN, C. Indicações Geográficas e estratégias de desenvolvimento territorial. In: NIEDERLE, P. A. (Org.). Indicações Geográficas: qualidade e origem nos mercados alimentares. Porto Alegre: UFRGS , 2013. pp. 125-150.

CERDAN, C. Valorização dos produtos de origem e do patrimônio dos territórios rurais no sul do Brasil: Contribuição para o desenvolvimento territorial sustentável. Política & sociedade, n. 14, p. 277-299, 2009.

CRUZ, F. T; MENASCHE, R. Tradition and diversity jeopardised by food safety regulations? The Serrano Cheese case, Campos de Cima da Serra region, Brazil. Food Policy, v. 45, 2014.

EYMARD-DUVERNAY, F. L’économie des conventions entre économie et sociologie. In: STEINER, P; VATIN, F. (Org.) Traité de sociologie économique. Paris: Quadrige-PUF, 2009. p. 131-164.

FOUILLEUX, È. Acteurs et concurrences dans la fabrication des référentiels internationaux. Le FAO et les normes de politique agricole. In: SCHEMEIL, Y; EBERWEIN, W-D. (Dir.). Normer le monde. Paris: L’Harmattan, 2009. p. 153-175.

FOUILLEUX, È. La politique agricole commune et ses réformes: une politique à l’épreuve de la globalisation. Paris: L’Harmattan , 2003.

FOUILLEUX, È. Entre production et institutionnalisation des idées: la réforme de la politique agricole commune. Revue Française de Science Politique, v. 50, n. 2, p. 277-306, 2000.

FROEHLICH, J. M. Indicações Geográficas e desenvolvimento territorial? As percepções das organizações representativas da agricultura familiar na Espanha. Estudos Sociedade e Agricultura, v. 20, p. 485-508, 2012.

GOODMAN, D. The quality ‘turn’ and alternative food practices: reflections and agenda. Journal of Rural Studies, v. 19, n. 1, p. 1-7, 2003.

GRANOVETTER, M. Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, v. 91, n. 3, p. 481-510, 1985.

GRANOVETTER, M. The strength of weak ties. American Journal of Sociology, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, 1973.

HASSENTEUFEL, P. Sociologie politique: l’action publique. Paris: Armand Colin, 2008.

JACK, S. L. The role, use and activation of strong and weak network ties: a qualitative analysis. Journal of Management Studies, v. 42, n. 6, p. 1233-1259, 2005.

JOBERT, B; MULLER, P. L’état en action. Paris: PUF, 1987.

JOSLING, T. The war on terroir: geographical indications as a transatlantic trade conflict. Journal of Agricultural Economics, v. 57, n. 3, p. 337-363, 2006.

LASCOUMES, P; LE GALÈS, P. Sociologie de l’action publique. Paris: Armand Colin , 2009.

LE GALÈS, P. Gouvernance. In: BOUSSAGUET, L. et al. Dictionaire des politiques publiques. Paris: Sciences Po, 2009.

LOCATELLI, L. Indicações geográficas: a proteção jurídica sob a perspectiva do desenvolvimento econômico. Curitiba: Juruá, 2007.

MARIE-VIVIEN, D. Le droit des indications geographiques en l’Inde: un pays de l’ancien monde face aux droits français, communautaire et international. Thèse (Doctorat en Droit et Sciences Sociales). Paris: EHESS, 2010.

MARSH, D; RHODES, R. A. Policy Networks in British Government. Oxford: Clarendon Press, 1992.

MASCARENHAS, G; WILKINSON, J. Indicações geográficas em países em desenvolvimento. Potencialidades e desafios. Revista de Política Agrícola, v. 23, p. 103-115, 2014.

MASSARDIER, G. Politiques et actions publiques. 2. ed. Paris: Armand Colins, 2008.

MULLER, P. Les politiques publiques. Paris: Puf, 2004.

MULLER, P; SUREL, Y. A análise de políticas públicas. 2. ed. Pelotas: Educat, 2004.

NIEDERLE, P. A. Compromissos para a qualidade: projetos de indicação geográfica para vinhos no Brasil e na França. Tese (Doutorado de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade). Rio de Janeiro: UFRRJ, 2011.

NIEDERLE, P. A. (Org.). Indicações geográficas: qualidade e origem nos mercados alimentares. Vol. 1. Porto Alegre: UFRGS , 2013. 296p.

NIEDERLE, P. A. A institucionalização de um mercado para produtos com indicações geográficas no Brasil: uma abordagem sociológica. In: VIEIRA, A. C. P; BRUCH, K. L. (Orgs.). Indicação geográfica, signos coletivos e desenvolvimento. São Paulo: IBPI , 2015.

NIEDERLE, P. A; GELAIN, L. Geographical indications in Brazil and food markets quality conventions. Journal of Rural Social Science, v. 28, n. 1, p. 26-53, 2013.

NIEDERLE, P. A; GRISA, C. Ideias e valores: a análise da ação pública a partir das interfaces entre a abordagem cognitiva e a economia das convenções. Política & Sociedade, v. 12, p. 97-136, 2013.

NIEDERLE, P. A; VITROLLES, D. Indicações geográficas e qualificação no setor vitivinícola brasileiro. Estudos Sociedade e Agricultura, v. 18, p. 5-55, 2010.

PIERSON, P. Public policies as institutions. In: Yale Conference on Crafting and Operating Institutions. Anais… New Haven: Yale University, 2003.

SACCO DOS ANJOS, F; AGUILAR CRIADO, E; CALDAS, N. V. Indicações geográficas e desenvolvimento territorial: um diálogo entre a realidade europeia e brasileira. Dados, v. 56, n. 1, p. 207-236, 2013.

SEBRAE. Catálogo de Indicações Geográficas Brasileiras. Brasília: Sebrae, 2014.

SGARBI, J; MENASCHE, R. Valorização de produtos alimentares. Cuadernos de Desarrollo Rural, v. 12, p. 11-30, 2015.

SYLVANDER, B. et al. Qualité, origine et globalisation: justification génerales et contextes natinaus, le cas des Indications Geographiques. Canadian Journal of Regional Science, n. 29, v. 1, p. 43-54, 2006.

THÉVENOT, L. Certifying the wolrd: Power infraestructures and practices in econmies of conventional forms. In: ASPERS, P; DODD, N. Re-Imagining Economic Sociology. Oxford: Oxford University Press, 2015. p. 195-223.

THIEDIG, F; SYLVANDER, B. Welcome to the club? An economical approach to geographical indications in the European Union. Agrarwirstschaft, n. 49, v. 12, 2000.

TONIETTO, J. Experiências de desenvolvimento de indicações geográficas: vinhos da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos. In: LAGES, V; LAGARES, L; BRAGA, C. (Orgs.). Valorização de produtos com diferencial de qualidade e identidade. Brasília: Sebrae , 2005. p. 146-162.

VANDECANDELAERE, E. et al. Linking people, places and products. Rome: FAO/SINER-GI, 2009.

VIEIRA, A. C. P; BRUCH, K. L. (Orgs.). Indicação geográfica, signos coletivos e desenvolvimento. São Paulo: IBPI , 2015.

WILKINSON, J; CERDAN, C. A Brazilian Perspective on Geographical Indications. In: TORRE, A; TRAVERSSAC, J-B. Territorial Governance: local development, rural areas and agrofood systems. Heidelberg, GE: Verlag, 2011. p. 143-158.

WILKINSON, J; CERDAN, C; NIEDERLE, P. A; MASCARENHAS, G. C. C. (Orgs.). O sabor da origem. Porto Alegre: Escritos, 2016.

WILKINSON, J; CERDAN, C; NIEDERLE, P. A; DORIGON, C. Geographical Indications and “Origin” Products in Brazil - The Interplay of Institutions and Networks. World Development, 2015. (in press).
 

5ced9ce20e8825024ea63c10 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections