Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1806-9479.2020.187438
Revista de Economia e Sociologia Rural
ARTIGO ORIGINAL

Pronaf Jovem: as disjunções entre o ideal e o real

Pronaf Jovem: the disjunctions between the ideal and the real

Joel Orlando Bevilaqua Marin

Downloads: 0
Views: 854

Resumo

O artigo analisa, a partir de contrapontos entre princípios normativos e experiências vividas por jovens rurais, os limites do Pronaf Jovem na construção social de uma juventude rural sucessora na agricultura familiar. A pesquisa combinou levantamento documental e estudo de caso. No estudo de caso, realizado em municípios da Região Central do Rio Grande do Sul, foram produzidos dados qualitativos e quantitativos. O Pronaf Jovem idealiza a construção de uma juventude rural autônoma, pluriativa, integrada em instituições de desenvolvimento rural e sucessora na agricultura familiar. Na realidade pesquisada, os jovens rurais não conseguiram acessar crédito rural na linha Pronaf Jovem. Eles investem em diferenciadas estratégias de emancipação pessoal, que raramente se encaminham pelos projetos de sucessão hereditária na agricultura familiar.

Palavras-chave

juventude rural, agricultura familiar, Pronaf Jovem, crédito rural

Abstract

Abstract:: This article analyzes the limits of Pronaf Jovem in the social construction of a successor rural youth in family farming from counterpoints between normative principles and experiences lived by young rural people. The research data were obtained by combining documentary research and case study. The case study was carried out in municipalities of the Central Region of Rio Grande do Sul, it was produced qualitative and quantitative data. Pronaf Jovem idealizes the construction of an autonomous, pluriactive rural youth, integrated in institutions of rural development and successor in family farming. In this study, rural youth could not access rural credit through Pronaf Jovem. They invest in differentiated strategies for personal emancipation, which are rarely directed towards projects of hereditary succession in family farming.
 

Keywords

rural youth, family farming, Pronaf Jovem, rural credit

Referências

Abramovay, R., Silvestro, M. L., Mello, M. A., Dorigon, C., & Baldissera, I. T. (2001). Os impasses sociais na sucessão hereditária na agricultura familiar. Florianópolis: Epagri; Brasília: MDA.

Anastácio, E. (2007). Políticas públicas, direitos e participação. In E. G. Castro & M. J. Carneiro (Orgs.), Juventude rural em perspectiva (pp. 90-94). Rio de Janeiro: Mauad X.

Banco do Brasil. (2015). Plano Safra 2015/2016. Brasília: Banco do Brasil.

Banco do Brasil. (2016). Pronaf Jovem 2016. Brasília: Banco do Brasil.

Barcellos, S. B. (2014a). A formulação das políticas públicas para a juventude rural no Brasil: atores e fluxos políticos nesse processo social (Tese de doutorado). Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Barcellos, S. B. (2014b). Desafios para a construção de políticas públicas para a juventude rural. In M. A. Menezes, V. L. Stropasolas & S. B. Barcellos (Orgs.), Juventude rural e políticas públicas no Brasil (pp. 53-57). Brasília: MDA.

Bianchini, V. (2015). Vinte Anos do PRONAF, 1995-2015: avanços e desafios. Brasília: MDA.

Bourdieu, P. (2011). “Jeunesse” n’est pas qu’un mot. In P. Bourdieu. Questions de sociologie (pp. 143-154). Lonrai: Les Éditons de Minuit.

Brasil. (2006). Decreto nº 5.658, de 2 de janeiro de 2006. Promulga a Convenção-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco, adotada pelos países membros da Organização Mundial de Saúde em 21 de maio de 2003 e assinada pelo Brasil em 16 de junho de 2003. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. (2013). Juventude rural: mais jovens poderão acessar Pronaf. Brasília: MDA.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. (2014). Governo Federal facilita acesso da juventude ao crédito rural. Brasília: MDA.

Brasil. (2016b). Decreto nº 8.736, de 3 de maio de 2016: institui o plano nacional de juventude e sucessão rural. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. (2016a). Sistema de Informações Territoriais. Composição Municipal do Território Região Central – RS. Brasília: MDA.

Carneiro, M. J. (2001). Herança e gênero entre agricultores familiares agricultores familiares. Estudos Feministas, 9(2), 22-55.

Castro, E. G. (2005). Entre ficar e sair: uma etnografia da construção da categoria jovem rural (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Castro, E. G. (2009). Os jovens estão indo embora? Juventude rural e a construção de um ator político. Rio de Janeiro: Mauad X; Seropédica: Edur.

Cellard, C. (2010). A análise documental. In J. Poupart, J. P. Deslauriers, L. H. Groulx, A. Laperrière, R. Mayer & A. P. Pires. (Orgs.), A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos (pp. 297-316). Petrópolis: Vozes.

Costa, F. L. M., & Ralisch, R. (2013). A juventude rural do assentamento Florestan Fernandes no município de Florestópolis (PR). Revista de Economia e Sociologia Rural, 51(3), 415-432.

Cover, M. (2014). Os desafios para a construção de políticas públicas para a juventude rural. In M. A. Menezes, V. L. Stropasolas & S. B. Barcellos (Orgs.), Juventude rural e políticas públicas no Brasil (pp. 53-57). Brasília: MDA.

Escher, F., Schneider, S., Scarton, L.M., & Conterato, M. A. (2014). Caracterização da pluriatividade e dos plurirrendimentos da agricultura brasileira a partir do Censo Agropecuário 2006. Revista de Economia e Sociologia Rural, 52(4), 643-668.

Feixa, C. P. (2004). A construção histórica da juventude. In A. Caccia-Bava, C. F. Pàmpols, D. I. P. Costa (Orgs.), Jovens na América Latina. São Paulo: Escrituras.

Feixa, C. P. (2006). De jóvenes, bandas y tribus. Barcelona: Ariel.

Gazolla, M., & Schneider, S. (2013). Qual “fortalecimento” da agricultura familiar? Uma análise do Pronaf crédito de custeio e investimento no Rio Grande do Sul. Revista de Economia e Sociologia Rural, Piracicaba, v. 51, p. 45-68, 2013.

Gugel, J. T., Giehl, A. L., Araujo, L. A., & Haverroth, C. (2017). Pronaf Jovem em Santa Catarina: abrangência, limites e desafios. In Anais do 55° Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (p. 1-15). Brasília: SOBER.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2010). Censo Demográfico 2010. Brasília: IBGE. Recuperado em 27 de maio de 2018, de http://www.ibge.gov.br

Kempfer, F. (2007). Políticas públicas, direitos e participação. In E. G. Castro & M. J. Carneiro (Orgs.), Juventude rural em perspectiva (pp. 81-85). Rio de Janeiro: Mauad X.

Marin, J. O. B., Schneider, S., Vendruscolo, R., & Silva, C. B. C. (2012). O problema do trabalho infantil na agricultura familiar: o caso da produção de tabaco em Agudo – RS. Revista de Economia e Sociologia Rural, 50(4), 763-778.

Paulo, M. A. L. (2014). Juventudes rurais do Nordeste: as múltiplas realidades numa região de contrastes. In M. A. Menezes, V. L. Stropasolas & S. B. Barcellos (Orgs.), Juventude rural e políticas públicas no Brasil. ) p. 234-250). Brasília: MDA.

Picolotto, E. L., & Marin, J. O. B. (2018). Juventude Rural: estudo na Região Central do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Editora Bonecker.

Pires, A. P. (2010). Amostragem e pesquisa qualitativa: ensaio teórico e metodológico. In J. Poupart, J. P. Deslauriers, L. H. Groulx, A. Lapiiière, R. Mayer & A. P. Pires (Orgs.), A pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos (pp. 154-211). Petrópolis: Vozes.

Schneider, S. (2003a). A pluriatividade na agricultura familiar. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS.

Schneider, S. (2003b). Teoria social, agricultura familiar e pluriatividade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 18(51), 100-122.

Schneider, S., Silva, M. K., & Marques, P. E. M. (2004). Políticas públicas e participação social no Brasil Rural. Porto Alegre: Ed. da UFRGS.

Spanevello, R. M. (2008). A dinâmica sucessória na agricultura familiar (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Stropasolas, V. L. (2006). O mundo rural no horizonte dos jovens. Florianópolis: Ed. da UFSC.

Urteaga, M. C. P. (2011). La construcción juvenil de la realidad: jóvenes mexicanos contemporáneos. México: Universidad Autónoma Metropolitana, Juan Pablos Editor.

Urteaga, M. C. P., & Pérez, J. A. (2004). Imagens juvenis do México moderno. In A. Caccia-Bava, C. P. Feixa & Y. C. Gonzáles (Orgs.), Jovens na América Latina. São Paulo: Escrituras.

Wanderley, M. N. B. (2007). Jovens rurais de pequenos municípios de Pernambuco: que sonhos para o futuro. In M. J. Carneiro & E. G. Castro (Orgs.), Juventude rural em perspectiva (pp. 35-51). Rio de Janeiro: Mauad X.

Weisheimer, N. (2009). A situação juvenil na agricultura familiar (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Weisheimer, N. (2013). Estudo da situação juvenil na agricultura familiar do recôncavo da Bahia. In Anais do 37° Encontro Anual da ANPOCS. São Paulo: ANPOCS.
 


Submetido em:
07/11/2017

Aceito em:
09/06/2019

5ee0cac90e8825777e3195f5 resr Articles

resr

Share this page
Page Sections