Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/5ea0c1ce0e8825ad40c84920
Revista de Economia e Sociologia Rural
ARTIGO ORIGINAL

AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO BRASIL

CARLOS JOSÉ CAETANO BACHA

Downloads: 8
Views: 2215

Resumo

A revisão bibliográfica mostra que pouco conhecemos sobre a situação das Unidades de Conservação existentes no Brasil. Por isso, esse artigo procura estudar a distribuição geográfica e as perturbações que sofrem essas unidades. Constatou-se que o Brasil possuía, em junho de 1990, 429 Unidades de Conservação que preservam pelo menos um ecossistema, um recurso natural e/ou um banco genético. Essas unidades ocupavam 48.720.109 ha, que corresponde a 5,72% da área ter- ritorial brasileira. A maioria das Unidades de Conservação analisadas localizava-se nos estados das regiões Sudeste e Sul, na Bahia e em Pernambuco. Não obstante, a maior parcela da área ocupada com Unidades de Conservação encontra-se nos estados da região Norte. Constatamos uma grande diferença entre os estados do Brasil quanto às parcelas de seus territórios protegidas com Unidades de Conservação. Apenas os estados do Acre, do Amazonas, de0 Roraima e do Amapá atingem o ín- dice mínimo proposto pelo PNUMA De outro lado, os estados do Nordeste (exceto o Maranhão), Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul possuem pequenas parcelas de seus espa- ços territoriais protegidas com Unidades de Conservação. Quatro grandes problemas foram diag- nosticados na implantação e na condução das Unidades de Conservação Federais (que são as pre- dominantes na área ocupada pelas Unidades de Conservação existentes no Brasil): a morosidade do governo federal em delimitar e possuir a propriedade fundiária das Unidades de Conservação; a deficiente fiscalização dessas unidades, não coibindo as atividades humanas realizadas em seu inte- rior ou ao seu redor, atividades essas desfavoráveis ao ecossistema a proteger; a predominância de interesses econômicos sobre os de conservação, levando à extinção de algumas Unidades de Con- servação Federais; e a perda de área de algumas dessas unidades, quando elas são redefinidas ou efetivamente delimitadas. Diante das constatações desse artigo, sugerimos a ampliação e consoli- dação das Unidades de Conservação no Brasil, ressaltando a necessidade de maior participação dos governos estaduais e municipais nesse processo.

Palavras-chave

unidades de conservação, recursos naturais, ecossistema.

Referências

BACHA, CJ.C. A dinâmica do desmatamento e reftorestamento no Brasil Piracicaba: CNPq, 1992a.139p. (Relatório de Pesquisa).

BACHA, CJ.C. A distribuição geográfica das Unidades de Conservação existentes no Brasil. Pi- racicaba: ESALQ/USP, 1992b. 69p. (Relatório de Pesquisa).

CASTRO, C.M. Ecologia; a redescoberta da pólvora. Revista de Administração de Empre- sas, v.15, n.5, p.6-19, set./out. 1975.

IBAMA Unidades de Conservação do Brasil. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Ministério do Interior. 1989, 182p.

IBDF/FBCN. Plano do Sistema de Unidades de Conservação do Brasil - II Etapa. Brasília: Mi- nistério da Agricultura, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, Fundação Brasilei- ra para a Conservação da Natureza. 1982. 173p.

IBDF. Plano de manejo: Parque Nacional do Araguaia. Brasília: Instituto Brasileiro de Desenvol- vimento Florestal, Ministério da Agricultura. 1981a. 103p.

IBDF. Plano de manejo: Parque Nacional do Iguaçu. Brasília: Instituto Brasileiro de Desenvolvi- mento Florestal, Ministério da Agricultura, 1981b. 104p.

IBDF. Plano de manejo: Parque Nacional do Caparaó. Brasília: Instituto Brasileiro de Desenvol- vimento Florestal, Ministério da Agricultura. 1981c. 139p.

IBDF. Plano de manejo: Parque Nacional das Emas. Brasília: Instituto Brasileiro de Desenvolvi- mento Florestal, Ministério da Agricultura. 1981d. 90p.

IBDF. Plano de manejo: Parque Nacional da Tijuca. Brasília: Instituto Brasileiro de Desenvolvi- mento Florestal, Ministério da Agricultura. 1981e. 113p.

IBDF. Plano de manejo: Parque Nacional de Ubajara. Brasília: Instituto Brasileiro de Desemvol- vimento Florestal, Ministério da Agricultura. 198f. 141p.

IBDF. Plano de manejo: Parque Nacional da Serra da Canastra. Brasília: Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, Ministério da Agricultura. 1981g. 96p.

McCORMICK, J. Rumo ao Paraíso. Rio de Janeiro: Relume-Damará, 1992.

MILANO, M.S. Parques e reseivas: uma análise da política brasileira de unidades de conseivação. Revista Floresta, Curitiba, v.15, n.2, p.4-9, junho e dezembro 1985.

MILANO, M.S.; RODERJAN, C.V.; MENDONÇA, R.W. Avaliação e análise do sistema estadual de Unidades de Conseivação do Paraná. Revista Floresta, Curitiba, v.15, n.2, p.20-32, junho e dezembro de 1985.

PROGRAMA DE PESQUISA E CONSERVAçÃO DE ÁREAS ÚMIDAS NO BRASIL. In- ventário de Áreas Úmidas do Brasil: versão preliminar. Programa de Pesquisa e Conseivação de Áreas Úmidas do Brasil/Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, União Internacional para a Conseivação da Natureza e Fundação Ford. São Paulo, 1990.

QUINTÃO, AT.B. Evolução do conceito de Parques Nacionais e sua relação com o processo de desenvolvimento. Brasil Florestal, Brasília, n.54, p.13-28, abr./maio/jun., 1983.

SILVA, L.L. Ecologia: manejo de áreas silvestres. Santa Maria: UFSM, CEPEF, FATEC. 1992. 218p.


Submetido em:
03/11/1992

Aceito em:
04/01/1993

5ea0c1ce0e8825ad40c84920 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections