Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1234-56781806-9479005301008
Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo original

Gerenciamento Adaptativo do SAI de Acácia Negra: uma abordagem sob a ótica da auto-organização sustentável

Keitiline Ramos Viacava; Eugenio Avila Pedroso

Downloads: 0
Views: 895

Resumo

Com o surgimento do conceito de Gerenciamento Florestal Sustentável (GFS), as agroindústrias florestais vêm sendo pressionadas a tomar decisões baseadas em princípios de sustentabilidade, impulsionando todos os demais elos da cadeia à certificação. No Brasil acontece um processo que espelha este momento no Sistema Agroindustrial de Acácia Negra. Isso ocorre, entretanto, em um contexto complexo, implicando decisões ambíguas e arriscadas no âmbito dos ecossistemas florestais. Assim, propõe-se a seguinte questão: quais ações estratégicas estão sendo adotadas pelos produtores florestais e como elas se relacionam com os riscos na gestão do SAI de Acácia Negra? O objetivo é analisar o processo de desenvolvimento e implementação de ações estratégicas capazes de promover ou desencorajar a auto-organização sustentável do sistema (i.e. certificação florestal). A fundamentação teórica inicia-se com uma perspectiva sistêmica orientada ao estudo das organizações e estratégias sustentáveis. Em seguida, integram-se discussões mais especificamente relacionadas às decisões, estratégias e riscos no âmbito da propriedade rural. Como metodologia incorpora-se a Post-normal science, com enfoque qualitativo. Como resultado, identifica-se que as ações estratégicas adotadas pelos produtores florestais estão dialogicamente relacionadas aos riscos, podendo exercer influências complementares, concorrentes e até antagônicas.

Palavras-chave

Gerenciamento Florestal Sustentável, estratégias sustentáveis, unidades de manejo florestal, sistema agroindustrial, riscos, Post-normal Science.

Referências

BRANDT, S. A. Comercialização agrícola. São Paulo: Livroceres, 1980.

BROSSIER, J., CHIA, E. e PETIT, M. Modélisation systémique et système agrarie: Décision Et Oraganization. Paris: INRA, 1990.

BRUNDTLAND COMMISSION. World Commission on Environment and Development: our common future. New York: Oxford University, 1987.

CRUZ, L. B., PEDROZO, E. A. e ESTIVALETE, V. de F. B. Towards sustainable development strategies: A complex view following the contribution of Edgar Morin. Management Decision, v. 44, n. 07, p. 871-891, 2006.

ESPINOZA, O. e DOCKRY, M. J. Forest certification in Bolivia: A status report and analysis of stakeholder perspectives. Forest Products Journal, v. 64, n. 3-4, p. 80-89, 2014.

FRAME, B. e BROWN, J. Developing post-normal technologies for sustainability. Ecological Economics, v. 65, p. 225-241, 2008.

GLADWIN, T. N., KENNELLY, J. J. e KRAUSE, T-S. Shifting paradigms for sustainable development: implications for management theory and research. Academy of Management Review, v. 20, n. 04, p. 874-907, 1995.

GRAAF, H. J. de, MUSTERS, C. J. M. e LEURS, W. J. Sustainable Development: looking for new strategies. Ecological Economics, v. 16, p. 205-216, 1996.

KANT, S. Extending the boundaries of forest economics. Forest Policy and Economics, Amsterdam, v. 05, n. 1, p. 39-56, jan. 2003.

KANT, S. Editorial: Economics of sustainable forest management. Forest Policy and Economics, Amsterdam, v. 6, n. 3-4, p. 197-203, jun. 2004.

KANT, S. et al. New frontiers of forest economics. Forest Policy and Economics, v. 35, 1-8, 2013.

KAY, J. J. et al. An ecosystem approach for sustainability: addressing the challenge of complexity. Futures, Guildford, v. 31, n. 07, p. 721-742, 1999.

KIJAZI, M. H. e KANT, S. Forest stakeholders' value preferences in Mount Kilimanjaro, Tanzania. Forest Policy and Economics, v. 12, p. 357-369, 2010.

KIMURA, H. Administração de riscos em empresas agropecuárias e agroindustriais. Cadernos de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 01, n. 07, p. 51-61, 1º tri. 1998.

KOOTEN, C. G. van, NELSON, H. W. e VERTINSKY, I. Certification of sustainable forest management practices: a global perspective on why countries certify. Forest Policy and Economics, v. 7, p. 857-867, 2005.

LEHTONEN, M. The environment-social interface of sustainable development: capabilities, social capital, institutions. Ecological Economics, Amsterdam, v. 49, n. 02, p. 199-214, jun. 2004.

MAYUMI, K. e GIAMPETRO, M. The epistemological challenge of self-modifying systems: Governance and sustainability in the post-normal science era. Ecological Economics, Amsterdam, v. 57, n. 3, p. 382-399, maio 2006.

MEIRA, J. N. e SETTE, R. de S.Sucesso econômico e perfil estrategista empreendedor de produtores rurais: o caso Nilo Coelho. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 20. 1996, Angra dos Reis. Anais... Angra dos Reis: ANPAD, 1996. p. 85-92.

MORIN, E. O Pensamento complexo, um pensamento que pensa. In: MORIN, E.e LE MOIGNE, J-L. A Inteligência da Complexidade. 2. ed. São Paulo: Peirópolis, 2000.

MORIN, E. O Método II: a vida da vida. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2002.

MORIN, E. O Método I: a natureza da natureza. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2003.

MUNDA, G. Social multi-criteria evaluation: Methodological foundations and operational consequences. European Journal of Operational Research, v. 158, n. 3, p. 662-677, 2004.

NANTES, J. F. D. Gerenciamento da empresa rural. In; BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 1997, p. 489-514.

RAVETZ, J. The post-normal science of precaution. Futures, Kidlington, v. 36, n. 3, p. 347-357, apr. 2004.

RAVETZ, J. Post-Normal Science and the complexity of transitions towards sustainability. Ecological Complexity, v. 3, p. 275-284, 2006.

RODRIGUEZ OCAÑA, A. Propuesta metodológica para el análisis de la toma de decisiones de los agricultores: aplicación al caso del regadío extensivo cordobés. Córdoba/España: ETSIAM. Tesis Doctoral, 1996.

SHIMIZU, T. Decisão nas organizações: introdução aos problemas de decisão encontrados nas organizações e nos sistemas de apoio à decisão. São Paulo: Atlas, 2001.

SHRIVASTAVA, P. Ecocentric management for a risk society. Academy of Management Review, v. 20, n. 1, p. 118-137, 1995.

SHRIVASTAVA, P. The role of corporations in achieving ecological sustainability. Academy of Management Review, v. 20, n04, p. 936-960, 1995.

SIMON, H. A. Comportamento Administrativo: estudo dos processos decisórios nas organizações administrativas. Rio de Janeiro: Aliança para o Progresso, 1965.

SITKIN, S. B. e PABLO, A. L. Reconceptualizing the determinants of a risk behavior. Academy of Management Review, Mississipi, v. 17, n. 01, p. 9-38, jan. 1992.

SPOSITO, V. et al. Adaptation to Climate Change in Regional Australia: A Decision-Making Framework for Modelling Policy for Rural Production. Geography Compass, v. 4, n. 4, p. 335-354, 2010.

STAHEL, A. W. Value from a complex dynamic system's perspective. Ecological Economics, v. 54, p. 370-381, 2005.

STARIK, M. e RANDS, G. P. Weaving an integrated web: multilevel and multisystem perspectives of ecologically sustainable organizations. Academy of Management Review, v. 20, n. 04, p. 908-935, 1995.

TACCONI, L. Scientific methodology for ecological economics. Ecological Economics, Amsterdam, v. 27, n. 01, p. 91-105, out. 1998.

TOGNETTI, S. S. Science in a double-bind: Gregory Bateson and the origins of post-normal science. Futures, Guildford, v. 31, n. 7, p. 689-703, set. 1999.

Waltner-Toews, D. e KAY, J. The Evolution of an Ecosystem Approach: the Diamond Schematic and an Adaptive Methodology for Ecosystem Sustainability and Health. Ecology and Society, v. 10, n. 01, 2005.
 

5cf1820d0e882521294aa39d resr Articles

resr

Share this page
Page Sections