Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1234-56781806-94790550401
Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo original

O Papel dos Preços e do Dispêndio no Consumo de Alimentos Orgânicos e Convencionais no Brasil

Alberes Sousa Ferreira; Alexandre Bragança Coelho

Downloads: 0
Views: 949

Resumo

Resumo:: Este artigo buscou analisar a sensibilidade da demanda de alimentos orgânicos e suas contrapartes convencionais frente a variações nos preços e no dispêndio nos domicílios brasileiros. Para isso, estimou-se um sistema de demanda para 14 categorias agregadas (sete orgânicas e sete convencionais) por meio do modelo QUAIDS com a correção do Problema do Consumo Zero pelo procedimento de Shonkwiller e Yen, utilizando-se os microdados extraídos da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009. Constatou-se que os consumidores brasileiros são mais sensíveis a variações nos preços e dispêndio dos orgânicos do que dos convencionais. Pôde-se confirmar também que há assimetria nas relações de substituição/complementaridade entre os dois tipos de alimentos. Assim, é relativamente difícil induzir consumidores habituados a adquirir produtos orgânicos a “reverterem” seus hábitos de consumo, trocando produtos orgânicos por convencionais. Além disso, pôde-se notar que os alimentos orgânicos ainda não são vistos pelos consumidores como substitutos dos convencionais na maioria dos casos. Verificou-se, ainda, por meio das elasticidades-dispêndio, que os alimentos orgânicos podem ser classificados como bens de luxo no Brasil.

Palavras-chave

alimentos orgânicos, demanda, modelo QUAIDS

Referências

ARCHANJO, L. R; BRITO, K. F. W; e SAUERBECK, S . Os alimentos orgânicos em Curitiba: consumo e significado. Cadernos de debate , v. 8, p. 1-6, 2001.

ASSIS, R. L; AREZZO, D. C; e DE-POLLI, H. Consumo de produtos da agricultura orgânica no estado do Rio de Janeiro. Revista de Administração , v. 30, n. 1, p. 84-89. São Paulo. 1995.

AZZOLINI, B-H. et al. Diferença no preço de produtos convencionais e orgânicos e o perfil socioeconômico do consumidor de orgânico. Synergismus Scyentifica UTFPR, v. 2, (1, 2, 3, 4), Pato Branco. 2007.

BANKS, J., BLUNDELL, R. e LEWBEL, A. Quadratic Engel curves and consumer demand. The Review of Economics and Statistics, v. 79, n. 4, p. 527-539, nov. 1997.

BLUNDELL, R; e ROBIN, J. M. Estimation in large and disaggregated demand system: An estimator for conditionally linear systems. Journal of Applied Econometrics, v. 14, p. 209-232, 1999.

CERVEIRA, R. e CASTRO, M. C. Consumidores de produtos orgânicos da cidade de São Paulo: características de um padrão de consumo. Informações Econômicas, v. 29, n. 12. São Paulo. 1999.

COX, T; e WOHLGENANT, M. Prices and quality effects in cross-section demand analysis. The American Journal of Agricultural Economics, v. 68, n. 4, p. 908-919, 1986.

DEATON, A. The Analysis of household surveys. A Microeconometric Approach to Development Policy. Baltmore: Johns Hopkins University Press, 1997.

DHAR, T; e FOLTZ, J. D. ‘Milk by any other name ... Consumer benefits from labeled milk’. American Journal of Agricultural Economics, v. 87, p. 214-218, 2005.

FOURMOUZI, V.; GENIUS, M; e MIDMORE, P. The demand for organic and conventional produce in London, UK: a system approach. Journal of Agricultural Economics, v. 63, n. 3, p. 677-693, 2012.

GLASER, L; e THOMPSON, G. D. Demand for organic and conventional frozen vegetables. Annual Meeting of the American Agricultural Economics Association. Nashville, out. 1998.

GLASER, L; e THOMPSON, G. D. Demand for organic and conventional beverage milk. Annual Meeting of the Western Agricultural Economics Association. Vancouver, june, 2000.

GRACIA, A; e MAGISTRIS, T. The demand for organic foods in the south of Italy: a discrete choice model. Food Policy , v. 33, p. 386-396, 2008.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica. Microdados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares). CD-Rom. Rio de Janeiro: 2010a.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica. Pesquisa de Orçamentos Familiares: despesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro: 2010b.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: aquisição alimentar domiciliar per capita Brasil e Grandes regiões. Rio de Janeiro: 2010c.

KASTERIDIS, P; e YEN, S. T. U.S. demand for organic and conventional vegetables: a Bayesian censored system approach. The Australian Journal of Agricultural and Resource Economics , v. 56, p. 405-425. 2012.

LI, J.; ZEPEDA, L; e GOULD, B. W. The demand for organic food in the U.S.: an empirical assessment. Journal of food Research , v. 38, n. 3, 2007.

LIN, B-H. et al. U.S. demand for organic and conventional fresh fruits: the roles of income and price. Sustainability , v. 1, p. 464-478, 2009.

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília. 2014. Disponível em: <Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/02/mercado-interno-de-organicos-cresce-40porcento-em-2010 >. Acesso em: abr, 2014. .

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília. 2015. Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. Disponível em: <Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2015/03/numero-de-produtores-organicos-cresce-51porcento-em-um-ano >. Acesso em: mar, 2015.

MAZOYER, M; e ROUDART, L. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea. São Paulo. 2010. p. 500-501.

OLIVEIRA, F. C. R; e HOFFMANN, R. Consumo de alimentos orgânicos e de produtos light e diet no Brasil: fatores condicionantes e elasticidades-renda. Segurança Alimentar e Nutricional, v. 22, n. 1, p. 541-557, 2015.

ORGANICS BRASIL. Organics Brasil Imprensa. Disponível em: <http://www.organicsbrasil.org/pt/imprensa_detalhe/173/projeto-organics-brasil>. Acesso em:abr. 2014.

POI, B. P. Demand-system estimation: update. The Stata Journal, v. 8, n. 4, p. 554-556, 2008.

PORTAL PORTAL ORGÂNICO. Disponível em: <http://www.portalorganico.com.br/noticia/209/mercado_brasileiro_de_organicos_deve_crescer_35_em_2014>. Acesso em: mar. 2015.

SCHRÖCK, R. Determinants of the demand for organic and conventional fresh milk in Germany - an econometric analysis. 1° Joint EAAE/AAEA Seminar. Freising, Alemanha, set. 2010.

SHONKWILER, J; e YEN, S. Two-step estimation of a censored system of equations. American Journal of Agricultural Economics, v. 81, n. 4, p. 972-982, nov. 1999.

SMITH, T. A; HUANG C. L; e LIN, B-H. Does price or income affect organic choice? Analysis of U.S. fresh produce users. Journal of Agricultural and Applied Economics , v. 41, n. 3, p. 731-744, 2009.

SOUZA, M. C. M. Aspectos institucionais do sistema agroindustrial de produtos orgânicos. Informações Econômicas, v. 33, n. 3, p. 7-16, 2003.

TAFERE, K. et al. Food demand elasticities in Ethiopia: estimates using Household Income Consumption Expenditure (HICE) Survey Data. ESSP II, Adis Ababa: IFPRI/EDRI, 2010(Working Paper n. 11)

TREGEAR, A; DENT, J. B; e MCGREGOR, M. J. The demand for organically- grow produce. British Food Journal , v. 96, n. 4, 1994.

WANG, Q; e SUN J. Consumer preference and demand for organic food: evidence from a Vermont survey. American Agricultural Economics Association Annual Meeting Montreal, Montreal, Canadá, 2003.

WILLER, H; e LERNOUD, J. (Eds.) (2014). The world of organic agriculture. Statistics and emergent trends 2014. Research Institute of Organic Agriculture (FiBL), Frick, e International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM), Bonn.

YEN, S. T; e HUANG, C. L. Cross-sectional estimation of U.S. demand for beef products: a censored system approach. Journal of Agricultural and Ressource Economics, v. 27, n. 2, p. 320-334, 2002.

YEN, S. T; e HUANG, C. L; LIN, B e SMALLWOOD, D. M. Quasi- and simulated-likelihood approaches to censored demand systems: food consumption by food stamp recipients in the United States, American Journal of Agricultural Economics, v. 85, p. 458-478, 2003.
 

5cee88210e88258b3ea63c0f resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections