Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1234-56781806-94790570109
Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo original

A convergência estratégica em Arranjos Produtivos Locais: uma análise sobre a cooperação entre atores em rede em duas regiões cafeeiras

Paulo Henrique Montagnana Vicente Leme; Bruno Henrique Aguiar; Daniel Carvalho de Rezende

Downloads: 1
Views: 1362

Resumo

Resumo:: O desenvolvimento de novos Arranjos Produtivos Locais (APLs) no Brasil é um tema de extrema importância no atual contexto econômico e social brasileiro. As Indicações Geográficas (IG) surgem com o objetivo de proteger e valorizar produtos e serviços típicos de uma região. O resultado é que estes APLs que buscam reconhecimento de origem necessitam desenvolver aspectos ligados à governança local e à coordenação de relacionamentos e interesses diversos. O objetivo deste trabalho foi estudar um APL consolidado na produção de café, o do Cerrado Mineiro, em busca de aspectos estratégicos que expliquem seu sucesso e, através de uma pesquisa-ação, reproduzir as categorias estratégicas encontradas na articulação estratégica da construção da IG da região Oeste da Bahia. Nos resultados, confirma-se a validação do modelo teórico de convergência estratégica para APLs, que é definido como uma série de ações e práticas dos atores sociais inter-relacionados através de uma rede em um arranjo produtivo local, que possuem interesses e objetivos em comum definidos nas dimensões (1) organizacionais (estruturais), (2) históricas e de (3) ações coletivas em prol de um produto ou serviço. O processo de convergência não é estático, é performático, modifica as estruturas de governança e coordenação. Compreender a dinâmica destes fenômenos através de diferentes práticas estratégicas seria valioso para estudos futuros, tanto no café como em outras IGs.

Palavras-chave

arranjo produtivo local, convergência estratégica, origem, café, governança

Referências

AIBA. VI Anuário de pesquisa da cafeicultura irrigada do Oeste da Bahia. Barreiras-BA, 2006.

AMATO NETO, J. Redes de cooperação produtiva e clusters regionais: oportunidades para as pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, Fundação Vanzolini, 2000.

AMATO NETO, J.; AMATO, R.C.F. Capital social: contribuições e perspectivas teórico-metodológicas para a análise de redes de cooperação produtiva e aglomerações de empresas. Revista Gestão Industrial, v. 5, n. 1, 2009.

AZEVEDO, P. F. Informação e barganha: implicações estratégicas em arranjos verticais. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DA NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL, 2, 2001, Campinas. Anais... Campinas: Instituto de Economia Unicamp, 2001.

BARRA, G.M.J.; OLIVEIRA, V.C.S.; MACHADO, R.T.M. O papel das associações de interesse privado no mercado cafeeiro brasileiro. Revista de Gestão USP, v. 14, n. 2, p. 17-31, 2007.

BARRO, R.J.; SALA-I-MARTIN, X. Convergence. Journal of political Economy, p. 223-251, 1992.

BEGNIS, H.S.M.; PEDROZO, E.A.; ESTIVALETE, V.F.B. Cooperação enquanto estratégia segundo diferentes perspectivas teóricas. In: Encontro Nacional da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. Anais..., 2005. Rio de Janeiro: Enanpad.

BLISKA, F.M.M. et al. Custos de produção de café nas principais regiões produtoras do Brasil. Informações Econômicas, São Paulo, v. 29, n. 8, p. 5-20, 2009.

BRANDENBURGER, A.M.; NALEBUFF, B.J. Co-Opetition: A Revolution Mindset That Combines Competition And Cooperation: The Game Theory Strategy That’s Changing. Currency Doubleday, 1997.

BRASIL. O que é Indicação Geográfica (IG)? Disponível em: <Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/ indicacao-geografica/o-que-e-indicacao-geografica-ig >. Acesso em: 26 jan. 2018.

CALDAS, A.S.; CERQUEIRA, P.S.; PERIN, T.F. Mais além dos arranjos produtivos locais: as indicações geográficas protegidas como unidades de desenvolvimento local. RDE-Revista de Desenvolvimento Econômico, v. 7, n. 11, 2005.

DELGADO, M.; PORTER, M.E.; STERN, S. Clusters, convergence, and economic performance. National Bureau of Economic Research, 2012.

DE LIMA FANTE, C.C.; DALLABRIDA, V.R. Governança territorial em experiências de Indicação Geográfica: análises e prospecções. Desenvolvimento Regional em debate: DRd, v. 6, n. 2, p. 228-246, 2016.

DOS ANJOS, F.S.; CRIADO, E.A.; CALDAS, N.V. Indicações geográficas e desenvolvimento territorial: um diálogo entre a realidade europeia e brasileira Dados - Revista de Ciências Sociais, v. 56, n. 1, 2013.

GASCÓN, J.M.H. et al. Clusters and competitiveness: the case of Catalonia (1993-2010) Generalitat de Catalunya, Government of Catalonia, Ministry of Enterprise and Labour, 2010.

GIOVANNUCCI, D.; BARHAM, E.; PIROG, R. Defining and marketing “local” foods: geographical indications for US products. The Journal of World Intellectual Property, v. 13, n. 2, p. 94-120, 2010.

GODOY, A. S. Estudo de caso qualitativo. In: Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 115-146.

GUIMARÃES, CFILHO. Certificação de indicação geográfica. Uma estratégia de inserção no mercado para produtos do Semiárido. Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura do Estado da Bahia. 2013. Disponível em: <Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavel/indicacao-geografica >. Acesso em: 16 jan. 2018.

GUIMARÃES, E.R. et al. The brand new Brazilian specialty coffee market. Journal of Food Products Marketing, v. 25, n. 1, p. 49-71, 2018.

INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Revista de propriedade Industrial, Seção I, n. 2243, 2013. Disponível em: <Disponível em: http://revistas.inpi.gov.br/rpi/ >. Acesso em: 16 jan. 2018.

LEME, P.H.M.V.; SILVA, E.C.; SETTE, R.S. Qualidade com sustentabilidade: certificações do agronegócio café sob a ótica dos pilares da qualidade. In: 50ºCongresso da sociedade brasileira de economia, administração e sociologia rural - SOBER. Anais...Vitória: Sober, 2012.

MACKE, J. A pesquisa-ação como estratégia de pesquisa participativa. In: Pesquisa qualitativa em estudos organizacionais: paradigmas, estratégias e métodos. São Paulo: Saraiva , 2006, p. 208-239.

MAFRA, L.A.S. Indicação geográfica e construção do mercado: a valorização da origem no Cerrado Mineiro, 2008. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). Rio de Janeiro: UFRRJ, 2008.

MARTELETO, R.M.; SILVA, A.B.O. Redes e capital social: o enfoque da informação para o desenvolvimento local. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 3, p. 41-49, 2004.

NIEDERLE, P.A. Controvérsias sobre a noção de Indicações Geográficas enquanto instrumento de desenvolvimento territorial: a experiência do Vale dos Vinhedos em questão. In: 47ºCongresso da sociedade brasileira de economia, administração e sociologia rural - SOBER. Anais... Porto Alegre: Sober, 2009.

ORTEGA, A.C. Territórios deprimidos: desafios para as políticas de desenvolvimento rural. Campinas: Alínea, 2008.

ORTEGA, A.C.; JESUS, M.C. Território, certificação de procedência e a busca da singularidade: o caso do Café do Cerrado. Política e Sociedade, v. 10, n. 19, p. 305-330, 2011.

ORTEGA, A.C.; JESUS, M.C. Café e território. A cafeicultura no Cerrado Mineiro. Campinas: Alínea , 2012.

PIERANTI, O. P. A metodologia historiográfica na pesquisa em administração: uma discussão acerca dos princípios e de sua aplicabilidade no Brasil Contemporâneo. Cadernos Ebape, v. 6, n. 1, 2008.

PORTER, M.E. Clusters and the new economics of competition. Boston: Harvard Business Review, 1998.

SAES, M.S.M.; JAYO, M.; DA SILVEIRA, R.L.F. Caccer: coordenando ações para a valorização do Café do Cerrado. In: VIISeminário Internacional PENSA de Agribusiness. Anais... São Paulo, 1997.

SAES, M.S.M. et al. Competitividade do sistema agroindustrial do café. In: FARINA, E.M.M.Q.; ZYLBERSLTAJN, D. (Eds.). Competitividade no agribusiness brasileiro. 4. ed. São Paulo: USP, 1998, p. 3-136.

THAINES, A.H. Desenvolvimento regional sob a ótica do reconhecimento da indicação geográfica: o case do Vale dos Vinhedos. 2012.

VALE, G.M.V.; AMÂNCIO, R.; DE LIMA, J.B. Criação e gestão de redes: uma estratégia competitiva para empresas e regiões. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 41, n. 2, 2006.

VALE, G.M.V.; AMÂNCIO, R.; LAURIA, M.C.P. Capital social e suas implicações para o estudo das organizações. O&S - Organizações e Sociedade, v. 13, n. 36, p. 45-63, 2006.

VALENTE, M.E.R. et al. Indicação geográfica de alimentos e bebidas no Brasil e na União Europeia. Ciência Rural, v. 42, n. 3, 2012.

VALENTE, M.E.R. et al. O processo de reconhecimento das indicações geográficas de alimentos e bebidas brasileiras: regulamento de uso, delimitação da área e diferenciação do produto. Ciência Rural, v. 43, n. 7, p. 1330-1336, 2013.

VIEIRA, A.C.P.; PELLIN, V. O uso do instituto das indicações geográficas como instrument de promoção do desenvolvimento territorial rural - 0 caso dos Vales da Uva Goethe Brasil SC. In: 20APDR Congress -Renaissance of the regions of southern europe, 2014, Evora APDR Congress, 2014. v. 1. p. 822-831.

WHITTINGTON, R. The practice turn in organization research: Towards a disciplined transdisciplinarity. Accounting, Organizations and Society, v. 36, n. 3, p. 183-186, 2011.
 

5cef10110e8825e87c4aa39d resr Articles

resr

Share this page
Page Sections