Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1806-9479.2021.2245
Revista de Economia e Sociologia Rural
ARTIGO ORIGINAL

Diferenças salariais e discriminação por gênero e cor nos setores agrícola e não agrícola do Brasil nos anos de 2004, 2012, 2015 e 2019

Wage differences and discrimination by gender and color in the agricultural and non-agricultural sectors of Brazil in 2004, 2012, 2015 and 2019

Davi Winder Catelan; Maylisson Rodrigo Fonseca; Matheus Demambre Bacchi; Alexandre Florindo Alves

Downloads: 0
Views: 451

Resumo

Resumo: O objetivo deste estudo é analisar as diferenças salariais entre homens e mulheres e entre brancos e não brancos ocupados nos setores agrícola e não agrícola do Brasil nos anos de 2004, 2012, 2015 e 2019. Para isso, foram utilizados os dados da PNAD para os anos de 2004 e 2015 e os dados da PNADC para 2012 e 2019, fornecidos pelo IBGE. O método de Firpo et al. (2007) foi empregado para decompor os diferenciais ao longo da distribuição de salários. Verificou-se que, nos dois setores e anos considerados, as diferenças salariais por gênero foram maiores no 10o quantil da distribuição, em razão, sobretudo, do efeito estrutura salarial. Já os diferenciais de salários entre brancos e não brancos foram maiores no 90o quantil, em função do elevado déficit dos não brancos nas características produtivas (efeito composição). Entre 2004 e 2015, houve crescimento das diferenças salariais entre os grupos inseridos no setor agrícola, particularmente, nos 10o, 25o e 50o quantis, enquanto no setor não agrícola houve redução. Entre 2012 e 2019, ocorreu redução das diferenças salariais por gênero nos dois setores e aumento das diferenças por cor. Por fim, comprovou-se que os diferenciais de salários foram maiores no setor agrícola.

Palavras-chave

diferenças salariais, discriminação por gênero e cor, setor agrícola

Abstract

Abstract: This study aims to analyze wage gap and discrimination by gender and color for the employed population in the agricultural and non-agricultural sectors in Brazil for the years 2004, 2012, 2015 and 2019. For that, PNAD data was used to examine the years 2004 and 2015 and PNADC data was used to examine the years 2012 and 2019, provided by IBGE. The method of Firpo et al. (2007) is applied to decompose the differentials throughout the distribution of wages. In both sectors, gender wage differences were greatest in the 10th quantile of the distribution, mainly due to wage structure effect. The wage differentials between white and non-white workers were greater in the 90th quantile, due to the high deficit of non-whites in productive characteristics (composition effect). Between 2004 and 2015, there was an increase in wage differences between groups in the agricultural sector, particularly in the 10th, 25th and 50th quantiles, while in the non-agricultural sector there was a reduction. Between 2012 and 2019, there was a reduction in wage differences by gender in both sectors and an increase in differences by color. Finally, the wage differential between groups was greater in the agricultural sector:

Keywords

wage gap, discrimination by gender and color, agricultural sector

Referências

Arraes, R. A., & Mariano, F. Z. (2019). Decomposição quantílica incondicional dos diferenciais de desempenho entre alunos de escolas privadas e públicas profissionalizantes. Pesquisa e Planejamento Economico, 49(3), 29-80.

Arrow, K. J. (1973). The theory of discrimination. In O. Ashenfelter & H. Hill (Eds.), Discrimination in labor markets (pp. 88-113). Princeton: Princeton University Press.

Augusto, N., Roselino, J., & Ferro, A. R. (2015). A evolução recente da desigualdade entre negros e brancos no mercado de trabalho do Brasil. Pesquisa & Debate, 26(2), 105-127.

Bacchi, M. D., Maia, K., Souza, S. C. I., Gomes, M. R., Catelan, D. W., & Fonseca, M. R. (2017). Diferenças salariais e discriminação por gênero e cor na região sudeste do Brasil. Revista de Desenvolvimento Econômico, 37(2), 276-305.

Becker, G. S. (1964). Human capital: a theoretical and empirical analysis, with special reference to education. Chicago: University of Chicago Press.

Becker, G. S. (1971). The economics of discrimination. Chicago: University of Chicago press.

Blinder, A. S. (1973). Wage discrimination: reduced form and structural estimates. The Journal of Human Resources, 8(4), 436-455.

Buainain, A. M., Alves, E., Silveira, J. M., & Navarro, Z. (2014). O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola. Brasília, DF: Embrapa.

Cacciamali, M. C., & Tatei, F. (2016). Mercado de trabalho: da euforia do ciclo expansivo e de inclusão social à frustração da recessão econômica. Estudos Avançados, 30(87), 103-121.

Catelan, D. W., & Cunha, M. S. (2019). Realocação setorial da ocupação e seus efeitos sobre o crescimento da informalidade no Brasil no período 2015-2018. In Anais do XXII Encontro de Economia da Região Sul – Anpec Sul. Maringá: ANPEC.

Costa, R. A., Costa, E. M., & Mariano, F. Z. (2016). Diferenciais de rendimentos nas áreas rurais do Brasil. Revista de Política Agrícola, 25(4), 112-135.

Dinardo, J., Fortin, N. M., & Lemieux, T. (1996). Labor market institutions and the distribution of wages, 1973-1992: a semiparametric approach. Econometrica, 64(5), 1001-1044.

Firpo, S., Fortin, N., & Lemieux, T. (2007). Decomposing wage distributions using recentered influence function regressions. Vancouver, BC: University of British Columbia.

Garcia, J. R. (2014). Trabalho rural: tendências em face das transformações em curso. In A. M. Buainain, E. Alves, J. M. Silveira & Z. Navarro (Eds.), O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola (pp. 559-590). Brasília, DF: Embrapa.

Heckman, J. J. (1979). Sample selection bias as a specification error. Econometrica, 47(1), 153-161.

Hoffmann, R., & Jesus, J. G. (2015). Distribuição do rendimento das pessoas ocupadas no Brasil, de 1992 a 2014, destacando as atividades agrícolas. Revista de Economia Agrícola, 62(2), 5-19.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2015). Principais diferenças metodológicas entre as pesquisas PME, PNAD e PNAD Contínua. Rio de Janeiro: IBGE.

Jesus, J. G. (2015). A evolução do diferencial de rendimentos entre negros e brancos nos setores agrícola e não agrícola no Brasil. Orbis Latina, 5(1), 159-184.

Lima, R. (1980). Mercado de trabalho: o capital humano e a teoria da segmentação. Pesquisa e Planejamento Economico, 10(1), 217-272.

Maia, A. G. (2020). Mudanças demográficas no rural brasileiro de 2006 a 2017. In J. E. R. Vieira-Filho & J. G. Gasques (Org.), Uma jornada pelos contrastes do Brasil: cem anos de Censo agropecuário (pp. 67-75). Brasília, DF: Ipea.

Maia, A. G., & Sakamoto, C. S. (2014). A nova configuração do mercado de trabalho agrícola brasileiro. In A. M. Buainain, E. Alves & J. M. Silveira (Org.), O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola (v. 21, pp. 591-620). Brasília, DF: Embrapa.

Maia, K., Devidé Júnior, A., Souza, S. C., & Cugini, S. B. (2015). A mão de obra feminina no mercado de trabalho brasileiro: discriminação salarial por gênero. Revista Ciências Sociais em Perspectiva, 14(26), 30-53.

Maia, K., Souza, S. C., Gomes, M. R., Moura, F. K., & Silva, R. J. (2017). Discriminação salarial por gênero e cor no Brasil: uma herança secular. Revista Espacios, 38(31), 16-37.

Meireles, D. C. (2014). Diferenciais de rendimentos por gênero: uma análise dos efeitos composição e estrutura salarial no Brasil (1976, 1987, 1996 e 2009) (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN.

Melly, B. (2005). Decomposition of differences in distribution using quantile regression. Labour Economics, 12(4), 577-590.

Oaxaca, R. (1973). Male-Female wage differentials in urban labor markets. International Economic Review, 14(3), 693-709.

Phelps, E. S. (1972). The statistical theory of racism and sexism. The American Economic Review, 62(4), 659-661.

Pimenta, I. S., Cirino, J. F., & Cassuce, F. C. C. (2019). Diferencial de rendimentos por sexo nos grandes setores econômicos do Brasil. Revista da ABET, 18(1), 62-81.

Pinto, M., & Cunha, M. S. (2015). Emprego e diferenciais de rendimentos no setor agrícola brasileiro: uma análise desagregada por subsetor. Revista de Economia e Agronegócio, 12(1), 49-70.

Salardi, P. (2013). An analysis of pay and occupational differences by gender and race in Brazil: 1987 to 2006 (Tese de Doutorado), University of Sussex, Falmer, ES.

Schultz, T. (1961). Investiment in human capital. The American Economic Review, 51(1), 1-17.

Schwaab, K. S., Dutra, V. R., Marschner, P. F., & Ceretta, P. S. (2019). How much heavier is a “hoe” for women? wage gender discrimination in the brazilian agricultural sector. Contextus: Revista Contemporânea de economia e gestão, 17(2), 37-62.

Soares, S., Souza, L. R., Silva, W. J., & Silveira, F. G. (2015). Perfil da pobreza: Norte e Nordeste rurais. Brasília, DF: International Policy Centre for Inclusive Growth.

Telles, T. S., Costa, G. V., Bacchi, M. D., & Laurenti, A. C. (2017). Rural population occupied development in the regions of Brazil from 2001 to 2009. Interações, 18(1), 17-26.

Zucchi, J. D., & Hoffmann, R. (2004). Diferenças de renda associadas à cor: Brasil, 2001. Pesquisa e Debate, 15(1), 107-129.
 


Submetido em:
28/05/2019

Aceito em:
03/10/2021

62543a2aa953952c6f187852 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections