Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1806-9479.2021.249112
Revista de Economia e Sociologia Rural
Original Article

Labor market and crisis: an analysis of sectoral segmentation in Brazilian rural  

Mercado de trabalho e crise: uma análise da segmentação setorial no meio rural brasileiro

Gabriela Gomes Mantovani; Jefferson Andronio Ramundo Staduto; Carlos Alves do Nascimento

Downloads: 0
Views: 518

Abstract

Abstract: The article aims to analyze which factors contributed to the inequality across income distribution of Brazilian workers in rural areas, occupied in agricultural and non-agricultural activities. Quantile regression with sample selection bias correction and counterfactual decomposition of income by quantiles were applied, using the microdata from the National Continuous Household Survey (PNAD-C) for the years 2012 and 2019. The results showed that there is income inequality favorable to workers occupied in non-agricultural activities concerning agricultural activities, which is intensive for those with lower incomes, as well as for those with high incomes. The presence of sectorial segmentation was also confirmed, of which the largest portion in 2012 corresponds to the labor market duality. However in 2019, in lower quantiles the segmentation obtained greater explanatory power for the difference in income between the groups, while in higher quantiles the theory of human capital prevailed.

Keywords

income differences, rural labor market, quantile regression, income decomposition

Resumo

Resumo: Este artigo visa investigar os fatores que contribuíram para a desigualdade de rendimentos e analisar os efeitos da segmentação ocupacional de trabalhadores brasileiros empregados em atividades agrícolas e não agrícolas, no meio rural. Foram aplicados os métodos de regressão quantílica com correção de viés de seleção amostral e a decomposição contrafactual de rendimentos por quantis, através dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) para os anos de 2012 e 2019. Os resultados mostraram que existe desigualdade de renda favorável aos trabalhadores empregados em atividades não agrícolas em relação aos designados em atividades agrícolas, sendo a diferença superior para aqueles trabalhadores com rendas mais baixas, assim como para aqueles com altos rendimentos. Confirmou-se ainda a presença da segmentação setorial, da qual a maior parcela em 2012 corresponde à dualidade do mercado de trabalho e em 2019, nos quantis inferiores, a segmentação obteve maior poder explicativo para a diferença de rendimentos entre os grupos, enquanto para os quantis superiores, a teoria do capital humano prevaleceu.
 

Palavras-chave

diferenças de renda, mercado de trabalho rural, regressão quantílica, decomposição de renda

Referências

Alves, E. (1995). Migração rural-urbana. Revista de Política Agrícola, 4(4), 15-29.

Alves, E., & Marra, R. (2009). A persistente migração rural-urbano. Revista de Política Agrícola, 18(4), 5-17.

Anang, B. T., & Yeboah, R. W. N. (2019). Determinants of off-farm income among smallholder rice farmers in northern Ghana: application of a Double-Hurdle model. Advances in Agriculture, 2019(7).

Aquino, J. R., & Nascimento, C. A. (2020). Heterogeneidade e dinâmicas das fontes de ocupação e renda das famílias rurais nos estados do Nordeste brasileiro. Revista Grifos, 29(50), 126-148.

Balsadi, O. V. (2007). O mercado de trabalho assalariado na cultura da cana-de-açúcar, noBrasil, no período 1992–2005. Revista de Política Agrícola, 16(2), 34-43.

Becker, G. S. (1957). The economics of discrimination. Chicago: The University of Chicago Press.

Becker, G. S. (1971). The economics of discrimination (2nd ed.). Chicago: The University of Chicago Press.

Becker, G. S., & Chiswick, B. R. (1966). Education and the distribution of earnings. The American Economic Review, 56(2), 358-369.

Birthal, P. S., Negi, D. S., Jha, A. K., & Singh, D. (2014). Income sources of farm households in India: Determinants, distributional consequences and policy implications. Agricultural Economics Research Review, 27(1), 37-48.

Blinder, A. S. (1973). Wage discrimination: reduced form and structural estimates. The Journal of Human Resources, 8(4), 436-455.

Bortolotto, C. C., Mola, C. L., & Tovo-Rodrigues, L. (2018). Qualidade de vida em adultos de zona rural no Sul do Brasil: estudo de base populacional. Revista de Saúde Pública, 52(Supl. 1), 1-11.

Brasil. (2000). Lei nº 10.097 de 19 de dezembro de 2000. Lei ordinária: artigos 402 e 403. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília. Recuperado em setembro de 2019, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10097.htm

Cacciamali de Souza, M. C. (1978). Mercado de trabalho: abordagens duais. Revista de Administração de Empresas, 18(1), 59-69.

Cain, G. I. (1976). The challenge of segmented labor Market theories to orthodox theory: a survey. Journal of Economic Literature, 14(4), 1215-1257.

Campanhola, C., & Silva, J. G. (2004). O novo rural brasileiro: rendas das famílias rurais. Embrapa Informação Tecnológica.

Carneiro, F. G. (1997). Efficiency wages, insiders-outsiders e determinação de salários: teorias e evidência. Revista de Economia Política, 17(2), 110-129.

Castro, A. B. (1971). A industrialização descentralizada no Brasil. In Sete ensaios de economia brasileira. Rio de Janeiro: Forense.

Castro, N. R., Barros, G. S. C., Almeida, A. N., Gilio, L., & Morais, A. C. P. (2020). The Brazilian agribusiness labor market: measurement, characterization and analysis of income differentials. Revista de Economia e Sociologia Rural, 58(1), 1-20.

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA. 2020. PIB do agronegócio brasileiro. Recuperado em fevereiro de 2020, de https://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx

Crespo, A. P. O., & Gurovitz, E. (2002). A pobreza como um fenômeno multidimensional. RAE Eletrônica, 1(2), 1-11.

Cunha, M. S. (2009). Evolução do emprego e dos salários no setor agropecuário brasileiro: trabalho temporário e permanente. Revista de Economia Agrícola, 56(1), 89-101.

Davis, J. R., & Bezemer, D. (2003). Key emerging and conceptual issues in the developmen of the RNFE in developing countries and transition economies. SSRN, 693061.

Davis, J. R., Bezemer, D. J., Janowski, M., & Wandschneider, T. (2004). The rural non farm economy and poverty alleviation in Armenia, Georgia and Romania: a synthesis of findings. SSRN. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.695183

De Melo Caldas, R., & Sampaio, Y. S. B. (2015). Poverty in Brazilian northeast: a multidimensional analysis. Revista de Economia Contemporânea, 19(1), 74-96.

Dickens, W. T., & Lang, K. (1993). Labor market segmentation theory: reconsidering the evidence. In W. Darity (Ed.), Labor economics: problems in analyzing labor markets (Recent Economic Thought Series, No. 29, pp. 141-180). https://doi.org/10.1007/978-94-011-2938-16

Doeringer, P. B., & Piore, M. J. (1970). Internal labor markets and manpower analysis. Cambridge: Harvard University, MIT.

Ellis, F. (1998). Household strategies and rural livelihood diversification. The Journal of Development Studies, 35(1), 1-38.

Evenson, R. E., & Gollin, D. (2003). Assessing the impact of the Green Revolution. Science, 300(5620), 758-762.

Fields, G. S. (2009). Segmented labor market models in developing countries. In H. Kincaid & D. Ross (Eds.), The Oxford handbook of philosophy of economics (pp. 476-510). Oxford: Oxford University Press

Freitas, C. A., Bacha, C. J. C., & Fossatti, D. M. (2007). Avaliação do desenvolvimento do setor agropecuário no Brasil: período de 1970 a 2000. Economia e Sociedade, 16(1), 111-124.

Gasques, J. G., & Villa Verde, C. M. (1990). Crescimento da agricultura brasileira e política agrícola nos anos oitenta (Texto para Discussão, No. 204, 22 p.). Brasília: IPEA.

Gasques, J. G., Rezende, G. C., Villa Verde, C. M., Salerno, M. S., Conceição, J. C. P. R., & Carvalho, J. C. S. (2004). Desempenho e crescimento do agronegócio no Brasil (Texto para Discussão, No. 1009, 22 p.). Brasília: IPEA.

Graziano da Silva, J. (1999). O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp.

Graziano da Silva, J., Del Grossi, M., & Campanhola, C. (2002). O que há de realmente novo no rural brasileiro. Cadernos de Ciência & Tecnologia, 19(1), 37-67.

Heckman, J. J. (1979). Sample selections bias as a specification error. Econometrica, 47(1), 153-161.

Hoffmann, R., & Kageyama, A. (1986). Distribuição da renda no Brasil entre famílias e entre pessoas, 70 e 80. Estudos Econômicos. Instituto de Pesquisas Econômicas, 16(1), 25-51.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2012). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – Contínua (PNAD-C). Rio de Janeiro: IBGE. Recuperado em dezembro de 2019, de http://www.ibge.gov.br

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2019). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – Contínua (PNAD-C). Rio de Janeiro: IBGE. Recuperado em abril de 2019, de http://www.ibge.gov.br

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2020). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – Contínua (PNAD-C) (Séries Históricas). Rio de Janeiro: IBGE. Recuperado em abril de 2020, de https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/17270-pnad continua.html?edicao=26413&t=series-historicas

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. (2020). Base de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada: Ipea data. Recuperado em abril de 2020, de http://www.ipeadata.gov.br

Janvry, A., & Sadoulet, E. (2001). Income strategies among rural households in Mexico: the role of off-farm activities. World Development, 29(3), 467-480.

Kageyama, A. (1990). O novo padrão agrícola brasileiro: do complexo rural aos complexos agroindustriais. In G. C. Delgado, J. G. Gasques & C. V. M. Verde (Eds.), Agricultura e políticas públicas (Vol. 1, pp. 113-223). Rio de Janeiro: IPEA.

Kageyama, A. (2001). As múltiplas fontes de renda das famílias agrícolas brasileiras. Agricultura em São Paulo, 48(2), 57-69.

Koenker, R., & Basset, G. (1978). Regression quantiles. Econometrica, 46(1), 33-50.

Kreter, A. C., Del-Vecchio, R., & Staduto, J. A. R. (2015). Condições habitacionais como um indicador de pobreza nas áreas rurais do Nordeste brasileiro. Revista Economica do Nordeste, 46(1), 77-96.

Lanjouw, J. O., & Lanjouw, P. (2001). The rural non-farm sector: issues and evidence from developing countries. Agricultural Economics, 26(1), 1-23.

Laurenti, A. C., & Del Grossi, M. E. (2000). A evolução das pessoas ocupadas nas atividades agrícolas e não-agrícolas nas áreas rurais do Brasil. In C. Campanhola & J. Graziano da Silva (Eds.), O novo rural brasileiro: uma análise nacional e regional. Jaguariúna: EMBRAPA.

Lima, R. (1980). Mercado de trabalho: o Capital Humano e a teoria da segmentação. Pesquisa e Planejamento Economico, 10(1), 217-272.

Liu, Y. (2017). Pushed out or pulled in? Participation in non-farm activities in rural China. China Agricultural Economic Review, 9(1), 111-129.

Loureiro, P. R. A. (2003). Uma resenha teórica e empírica sobre economia da discriminação. Revista Brasileira de Economia, 57(1), 125-157.

Mariano, J. L., & Neder, H. D. (2004). Renda e pobreza entre famílias no meio rural do Nordeste. In Anais do Encontro Nacional de Economia Política. Uberlândia.

Mariano, J. L., & Neder, H. D. (2006). Desigualdade de renda e pobreza entre famílias no meio rural do Nordeste. Revista de Economia & Desenvolvimento, 5(2), 221-242.

Matshe, I., & Young, T. (2004). Off-farm labour allocation decisions in small-scale rural households in Zimbabwe. Agricultural Economics, 30(3), 175-186.

Mattei, L. (2015). Emprego agrícola: cenários e tendências. Estudos Avançados, 29(85), 35-52.

Melly, B. (2005). Decomposition of differences in distribution using quantile regression. Labour Economics, 12(4), 577-590.

Mincer, J. (1958). Investment in human capital and personal income distribution. Journal of Political Economy, 66(4), 281-302.

Mincer, J. (1974). Schooling, experience and earnings. New York: National Bureau of Economic Research.

Nascimento, C. A., & Cardozo, S. A. (2007). Redes urbanas regionais e a pluriatividade das famílias rurais no Nordeste e no Sul do Brasil, 1992-1999 e 2001-2005. Revista Economica do Nordeste, 38(4), 637-658.

Nilsson, P. (2019). Spatial spillovers and households’ involvement in the non-farm sector: evidence from rural Rwanda. Regional Studies, 53(5), 731-740.

Oaxaca, R. (1973). Male-female wage differentials in urban labor market. International Economic Review, 14(23), 693-709.

Pereira, A. F. C., Justo, W. R., & Lima, J. R. F. (2017). Impactos das rendas não agrícolas sobre os indicadores de pobreza FGT para as famílias rurais pernambucanas. Revista de Ciências Agrárias, 40(1), 290-302.

Pingali, P. L. (2012). Green revolution: impacts, limits, and the path ahead. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 109(3), 112302-112308.

Reardon, T. (1999). Rural non-farm income in developing countries. Rome: FAO.

Reardon, T., Berdegué, J., Barrett, C. B., & Stamoulis, K. (2007). Household income diversification into rural nonfarm activities. In S. Haggblade, P. B. R. Hazell, T. Reardon & T. A. Reardon (Eds.). Transforming the rural nonfarm economy: opportunities and threats in the developing world (pp. 115-140). Baltimore: Johns Hopkins University Press.

Reich, M., Gordon, D. M., & Edwards, R. C. (1973). Dual labor markets: a theory of labor market segmentation. The American Economic Review, 63(2), 359-365.

Resende, G. C. (2005). Políticas trabalhista e fundiária e seus efeitos adversos sobre o emprego agrícola, a estrutura agrária e o desenvolvimento territorial rural no Brasil (Texto para Discussão, No. 1108, 31 p.). Rio de Janeiro: IPEA.

Rocha, S. (1995). Governabilidade e pobreza: o desafio dos números (Texto para Discussão, No. 368). Rio de Janeiro: IPEA. Recuperado em junho de 2020, de http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/1730/1/td_0368.pdf

Rocha, S. (2013). Pobreza no Brasil: a evolução de longo prazo (1970-2011) (Estudos e Pesquisas, No. 492). Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE).

Sakamoto, C. S., Nascimento, C. A., & Maia, A. G. (2016). As famílias pluriativas e não agrícolas no Rural Brasileiro: condicionantes e diferenciais de renda. Economia e Sociologia Rural, 54(3), 561-582.

Schultz, T. W. (1964). O valor econômico da educação. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

Scicchitano, S. (2012). The male-female pay gap across the managerial workforce in the United Kingdom: a semi-parametric decomposition approach. Applied Economics Letters, 19(13), 1293-1297.

Sen, A. (1987). Hunger and entitlements. Helsinki: Wider.

Soares, S., Souza, L., Silva, W. J., & Silveira, F. G. (2016). Perfil da pobreza: Norte e Nordeste rurais (IPC-IG Working Paper, No. 138). Brasília: International Polict Centre for Inclusive Growth.

Staduto, J. A. R., & Kreter, A. C. (2014). A questão agrária e o mercado de trabalho rural no Brasil. Informe Gepec, 18(1), 177-192.

Staduto, J. A. R., Bacha, C. J. C., & Bacchi, M. R. P. (2002). Determinação dos salários na agropecuária brasileira. Pesquisa e Planejamento Economico, 32(2), 285-321.

Staduto, J. A. R., Nascimento, C. A., & Souza, M. (2013). Ocupações e renda das mulheres e homens no rural do estado do Paraná, Brasil: uma perspectiva de gênero. Cuadernos de Desarrollo Rural, 10(72), 91-115.

Staduto, J. A. R., Shikida, P. F. A., & Bacha, C. J. C. (2004). Alteração na composição da mão de obra assalariada na agropecuária brasileira. Agricultura em São Paulo, 51(2), 57-70.

Taubman, P., & Wachter, M. (1986). Segmented labor markets. In O. Ashenfelter & R. Layard (Eds.), Handbook of labor economics (Vol. 2, pp. 1183-1217). Amsterdam.

Vietorisz, T., & Harrison, B. (1973). Labor market segmentation: positive feedback and divergent development. The American Economic Review, 63(2), 366-376.
 


Submetido em:
24/02/2021

Aceito em:
16/04/2021

613b54d1a953956ebc5f2144 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections