Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1806-9479.2021.252673
Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo Original

Caracterização da logística de distribuição de frutas, legumes e verduras na Central de Abastecimento de Campinas/SP

Characterization of fruit and vegetable distribution logistics of Campinas Supply Center/SP

Joseane Thereza Bigaran Aliotte; Monique Filassi; Andréa Leda Ramos de Oliveira

Downloads: 1
Views: 610

Resumo

Resumo: A redução das perdas e dos desperdícios de frutas, legumes e verduras (FLV) contribui para o aumento da oferta de alimentos. A identificação das perdas ao longo da cadeia logística de FLV possibilita a proposição de ações mitigadoras. O objetivo desta pesquisa é caracterizar as práticas operacionais da logística de distribuição das principais FLV comercializadas pela Central de Abastecimento (CEASA) de Campinas. A metodologia é dividida em duas partes: a primeira trata da estruturação do problema pela abordagem sistêmica por meio das técnicas conhecidas como gráfico Behavior Over Time (BOT) e modelo de loop causal, que subsidiam a segunda etapa com a aplicação de questionários aos comerciantes atacadistas para descrever as operações logísticas, validar os resultados encontrados na estruturação do problema e propor estratégias para a redução das perdas na comercialização. Os resultados indicaram que práticas ineficientes, como falta de transporte refrigerado, embalagens não adequadas, falta de rastreabilidade e manuseio excessivo, estão associadas às perdas. Conclui-se que a adoção do transporte refrigerado para manter a cadeia logística do frio é o diferencial para uma maior preservação da qualidade das FLV, além do uso de novas tecnologias de embalagem e treinamentos para os agentes da cadeia quanto às boas práticas pós-colheita.

Palavras-chave

alimentos perecíveis, cadeia de suprimentos, práticas pós-colheita, perdas e desperdício de alimentos

Abstract

Abstract: The reduction of fruits and vegetables losses and waste contributes to increasing food supply. Identification of losses along the logistics chain is essential for the development of mitigating actions. In this sense, this research aims to characterize the operational practices of the distribution logistics of the main fruit and vegetable trade in the Supply Center (CEASA) Campinas. The methodology is divided into two parts. The first deals with the structuring of the problem through a systemic approach through techniques known as the Behavior Over Time (BOT) graph. The causal loop model supported the second stage with the application of questionnaires with the wholesale traders to describe the logistical operations, validate the results found in structuring the problem, and from this perspective, propose strategies to reduce losses in trading. The results indicated that inefficient practices such as lack of refrigerated transport, inadequate packaging, lack of traceability, and excessive handling are associated with losses. It is concluded that the adoption of refrigerated transport to maintain the cold logistics chain is the differential for greater preservation of the quality of fruits and vegetables, in addition to the use of new packaging technologies and training for chain agents regarding good post-harvest practices.
 

Keywords

perishable foods, supply chain, post-harvest practices, food losses and waste

Referências

Akintoye, A., McIntosh, G., & Fitzgerald, E. (2000). A survey of supply chain collaboration and management in the UK construction industry.European Journal of Purchasing & Supply Management,6(3-4), 159-168.

Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários – ANFIR. (2020). Desempenho do setor. Recuperado em 27 de dezembro de 2020, de https://www.anfir.org.br/dados-do-setor.php?selAno=2020

Beebe, J. (1995). Basic concepts and techniques of rapid appraisal. Human Organization, 54(1), 42-51.

Belik, W. B., Cunha, A. R. A. A., & Costa, L. A. (2012). Crise dos alimentos e estratégias para a redução do desperdício no contexto de uma política de segurança alimentar e nutricional no Brasil.Planejamento e Políticas Públicas, (38).

Bloemhof, J. M., & Soysal, M. (2017). Sustainable food supply chain design. In Y. Bouchery, C. Corbett, J. C. Fransoo & T. Tan (Eds.),Sustainable Supply Chains(pp. 395-412). Springer: Cham.

Castro, L. R. D., & Cortez, L. A. B. (2003). Aplicação da refrigeração na conservação pós-colheita do tomate. InProceedings of the 3. Encontro de Energia no Meio Rural. Campinas: AGRENER. Recuperado em 27 de dezembro de 2020, de http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000022000000100011&lng=en&nrm=iso

Cattaneo, A., Sánchez, M. V., Torero, M., & Vos, R. (2020). Reducing food loss and waste: Five challenges for policy and research. Food Policy, 98, 101974.

Central de Abastecimento de Campinas – CEASA Campinas. (2020). Mercado de hortifrútis. Recuperado em 27 de dezembro de 2020, de http://www.ceasacampinas.com.br/mercado-hortifrutis

Chitarra, M. I. F., & Chitarra, A. B. (2005). Pós‐Colheita de Frutas e Hortaliças: Fisiologia e Manuseio (2nd ed.). Lavras: UFLA.

Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. (2020). Prohort – Simab. Recuperado em 27 de dezembro de 2020, de http://dw.ceasa.gov.br/

Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. (2021). Informativo da classificação anual de comercialização por quantidades da CEASA no período: 2019/2020 Recuperado em 27 de maio de 2021, de http://www3.ceasa.gov.br/siscomweb/?page=reports.relatorio_classificacao_hortigranjeiro_ranking&retTO=consulta_relatorio_classificacao_hortigranjeiro_ranking

Conselho Federal de Administração – CFA. (2019). Empreender: mercado de alimentação saudável cresce no Brasil. Recuperado em 05 de março de 2021, de https://cfa.org.br/empreender-mercado-alimentacao-saudavel-cresceno-brasil/

Council of Supply Chain Management Professionals – CSCMP. (2020). CSCMP supply chain management definitions and glossary. Recuperado em 07 de dezembro de 2020, de https://cscmp.org/CSCMP/Educate/SCM_Definitions_and_Glossary_of_Terms.aspx

Cunha, A. R. (2015). Dimensionando o passeio das mercadorias: uma análise através dos dados do Prohort. Revista de Política Agrícola, 24(4), 55-63.

Cunha, A. R. A. D. A. (2006). Dimensões estratégicas e dilemas das Centrais de Abastecimento no Brasil. Revista de Política Agrícola, 15(4), 37-46.

Cunha, A. R. A. D. A., & Belik, W. (2012). Entre o declínio e a reinvenção: atualidade das funções do sistema público atacadista de alimentos no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, 50, 435-454.

Dunn, T. (1994). Rapid rural appraisal: a description of the methodology and its application in teaching and research at Charles Sturt University. Rural Society, 4(3-4), 30-36.

Elias, A. A. (2008). Towards a shared systems model of stakeholders in environmental conflict. International Transactions in Operational Research, 15(2), 239-253.

Elias, A. A., & Davis, D. (2018). Analysing public sector continuous improvement: a systems approach. International Journal of Public Sector Management, 31(1), 2-13.

Fehr, M., & Romão, D. C. (2001). Measurement of fruit and vegetable losses in Brazil: a case study. Environment, Development and Sustainability, 3(3), 253-263.

Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO. (2011). Global food losses and food waste. Extent, causes and prevention. Düsseldorf: FAO.

Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO. (2016). The state of food and agriculture. Climate change, agriculture and food security. Rome: FAO.

Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO. (2019). The state of food and agriculture. Moving forward on food loss and waste reduction. Rome: FAO.

Freire Junior, M., & Soares, A. G. (2014). Orientações quanto ao manuseio pré e pós-colheita de frutas e hortaliças visando a redução de suas perdas. Brasília: Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Gustavsson, J., Cederberg, C., Sonesson, U., & Emanuelsson, A. (2013). The methodology of the FAO study: Global Food Losses and Food Waste-extent, causes and prevention - FAO, 2011. Rome: FAO.

Henz, G. P. (2018). Perdas pós-colheita de produtos hortícolas no Brasil. In Centro de Estudos e Debates Estratégicos Consultoria Legislativa (Org.). Perdas e desperdício de alimentos: estratégias para redução(pp. 67-86). Brasília: Câmara dos Deputados - Edições Câmara.

Hospido, A., Canals, L. M., McLaren, S., Truninger, M., Edwards-Jones, G., & Clift, R. (2009). The role of seasonality in lettuce consumption: a case study of environmental and social aspects. The International Journal of Life Cycle Assessment, 14(5), 381-391.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2019a). Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2017-2018. Recuperado em 07 de dezembro de 2020, de https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101742.pdf

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2019b). Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. Banco de Dados SIDRA. Recuperado em 27 de dezembro de 2020, de https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1001#resultado

Kluge, R. A., Jomori, M. L. L., Edagi, F. K., Jacomino, A. P., & Aguila, J. A. D. (2007). Danos de frio e qualidade de frutas cítricas tratadas termicamente e armazenadas sob refrigeração. Revista Brasileira de Fruticultura, 29(2), 233-238.

Kumar, D., & Kalita, P. (2017). Reducing postharvest losses during storage of grain crops to strengthen food security in developing countries. Foods, 6(1), 8.

Lana, M. M. (2018). Perdas e desperdício de hortaliças no Brasil. In In Centro de Estudos e Debates Estratégicos Consultoria Legislativa (Org.). Perdas e desperdício de alimentos: estratégias para redução(pp. 87-114). Brasília: Câmara dos Deputados - Edições Câmara.

Maani, K. E., & Cavana, R. Y. (2000).Systems thinking and modelling: understanding change and complexity. Auckland: Pearson Education.

Mankiw, N. G. Principles of economics. Boston: Cengage Learning, 2014.

Marcomini, G. R., & Patino, M. T. O. (2020). Viabilidade econômica da colheita mecanizada de batata no estado de São Paulo.Boletim Técnico, 3(1).

Mason-D’Croz, D., Bogard, J. R., Sulser, T. B., Cenacchi, N., Dunston, S., Herrero, M., & Wiebe, K. (2019). Gaps between fruit and vegetable production, demand, and recommended consumption at global and national levels: an integrated modelling study. The Lancet. Planetary Health, 3(7), e318-e329.

Muralikumar, M. D., & Nardi, B. (2018). Addressing limits through tracking food. InProceedings of the 2018 Workshop on computing within Limits(pp. 1-9). New York: ACM.

Oliveira, S. P., Castro, F. T., Tabai, K. C., Barbosa, C., Mendes, L. L., Penha, E. D. M., & Góes, H. D. A. (2008). Manual para comerciantes e manipuladores de frutas, legumes e verduras: três passos para o sucesso das vendas. Brasília: Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Porat, R., Lichter, A., Terry, L. A., Harker, R., & Buzby, J. (2018). Postharvest losses of fruit and vegetables during retail and in consumers’ homes: Quantifications, causes, and means of prevention. Postharvest Biology and Technology, 139, 135-149.

Rinaldi, M. M. (2011). Perdas pós-colheita devem ser consideradas. Planaltina: Embrapa Cerrados.

Saath, K. C. D. O., & Fachinello, A. L. (2018). Crescimento da demanda mundial de alimentos e restrições do fator terra no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, 56, 195-212.

Ščetar, M., Kurek, M., & Galić, K. (2010). Trends in fruit and vegetable packaging–a review. Hrvatski Casopis za Prehrambenu Tehnologiju, Biotehnologiju i Nutricionizam, 5(3-4), 69-86.

Senge, P. M. (1990). The art and practice of the learning organization. Recuperado em 27 de dezembro de 2020, de http://www.seeing-everything-in-a-new-way.com/uploads/2/8/5/1/28516163/peter-senge-the-fifth-discipline.pdf

Silva, O. F., & Soares, A. (2001). Recomendações para prevenção de perdas pós-colheita do mamão. Brasília: Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Sousa, M. G. K., & Aguiar, L. P. (2019). A vigilância sanitária e o comércio de alimentos em eventos de massa. Cadernos ESP, 13(2), 38-53.

Sterman, M. B. (2000). Basic concepts and clinical findings in the treatment of seizure disorders with EEG operant conditioning. Clinical EEG, 31(1), 45-55.

Sukati, I., Hamid, A. B., Baharun, R., & Yusoff, R. M. (2012). The study of supply chain management strategy and practices on supply chain performance. Procedia: Social and Behavioral Sciences, 40, 225-233.

Triches, R. M. (2020). Dietas saudáveis e sustentáveis no âmbito do sistema alimentar no século XXI. Saúde em Debate, 44, 881-894.

United Nations – UN. Department of Economic and Social Affairs, Population Division. (2019). World Population Prospects 2019: Highlights. New York: United Nations.

Vilela, N. J., Lana, M. M., Nascimento, E. F., & Makishima, N. (2003). O peso da perda de alimentos para a sociedade: o caso das hortaliças. Horticultura Brasileira, 21(2), 142-144.

Volpato, G. L. (2013). Ciência: da filosofia à publicação. São Paulo: Cultura Acadêmica.

Wognum, P. N., Bremmers, H., Trienekens, J. H., van der Vorst, J. G., & Bloemhof, J. M. (2011). Systems for sustainability and transparency of food supply chains–Current status and challenges. Advanced Engineering Informatics, 25(1), 65-76.

World Health Organization – WHO. (2019).World health statistics 2019: monitoring health for the SDGs, sustainable development goals. Geneve: WHO.

Yahia, E. M., García-Solís, P., & Celis, M. E. M. (2019). Contribution of fruits and vegetables to human nutrition and health. In E. M. Yahia & A. Carrillo-López (Eds.), Postharvest physiology and biochemistry of fruits and vegetables(pp. 19-45). Duxford: Woodhead Publishing.
 


Submetido em:
27/05/2021

Aceito em:
19/08/2021

618528eca953956cad5a7e05 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections