Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/doi/10.1590/1806-9479.2025.275600
Revista de Economia e Sociologia Rural
ARTIGO ORIGINAL

Potenciais da comercialização de produtos brasileiros da floricultura nos mercados doméstico e externo

Potential of commercialization of Brazilian floristry products in the domestic and external markets

Adriana Ferreira Silva; Rodrigo Peixoto da Silva; Gabriel Costeira Machado; Arlei Luiz Fachinello; Nicole Rennó Castro

Downloads: 0
Views: 123

Resumo

Este estudo contrapõe os potenciais estratégicos dos mercados interno e externo como propulsores da cadeia brasileira de flores e plantas ornamentais. Diferentemente de outras cadeias agropecuárias brasileiras, que se destacam pelos volumes exportados, os produtos da floricultura têm como principal destino o mercado interno. Com apenas 3% da produção destinada ao comércio externo, o País ocupa uma posição global inexpressiva, figurando, em 2020, no 97º lugar na lista de exportadores de produtos da floricultura. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizada uma análise do tipo Facts Finding Research acerca da dinâmica e da potencialidade da demanda pelos produtos brasileiros da cadeia de flores e plantas ornamentais. Os resultados indicam que, apesar das projeções positivas para o consumo doméstico de produtos da floricultura, a sensibilidade às variações de renda pode representar um gargalo. Compreende-se, portanto, que os potenciais ganhos provenientes do intercâmbio de mercadorias entre países, além de favorecerem a expansão do mercado e o escoamento de excedentes, desempenham um papel estratégico diante de adversidades. Sob a ótica internacional, destaca-se ainda que o movimento de reconfiguração desse cenário, marcado pelo aumento da participação de países sul-americanos e africanos, pode também representar novas oportunidades para o Brasil.

Palavras-chave

flores e plantas ornamentais, inserção externa, expansão da demanda, diversificação de parceiros comerciais

Abstract

Abstract: This study contrasts the strategic potential of the domestic and foreign markets as drivers of the Brazilian chain of flowers and ornamental plants. Unlike other Brazilian agricultural chains that primarily focus on exports, floristry products have their majority destination on the domestic market. Brazil occupies a global position without distinctive features, with only 3% of production intended for foreign trade. In the world ranking, the country is 97th on the list of exporters of floristry products in 2020. To achieve the study's objectives a Facts Finding Research approach was conducted. The results suggest that while there are positive projections for domestic consumption, sensitivity to changes in income supports evidence that dependency can lead to a bottleneck. As a result, potential gains from the exchange of goods between countries, as well as market expansion and the elimination of surpluses, contribute strategically in the face of adversity. From an international perspective, it is also worth highlighting how the movement to reconfigure the global competitive environment, marked by the increased participation of South American and African countries, can also mean new opportunities for Brazil to participate.

Keywords

flowers and ornamentals, external insertion, demand expansion, diversification of business partners

References

Anacleto, A., Bornancin, A. P. A., Mendes, S. H. C., & Scheuer, L. (2021). Between flowers and fears: the new coronavirus pandemic (COVID-19) and the flower retail trade. Ornamental Horticulture, 27(1), 26-32. http://dx.doi.org/10.1590/2447-536X.V27I1.2232.

Anefalos, L. C., & Guilhoto, J. J. M. (2003). Estrutura do mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais. Agricultura Em São Paulo, 50(2), 41-63.

Anefalos, L. C., & Caixeta Filho, J. V. (2007). Avaliação do processo de exportação na cadeia de flores de corte utilizando modelo insumo-produto. Revista Brasileira de Economia, 61(2), 153-173. http://doi.org/10.1590/S0034-71402007000200002

Balassa, B. (1969). Country size and trade patterns: comment. The American Economic Review, 59(1), 201-204.

Baltagi, B. H. (2008). Econometric analysis of panel data. Chichester: Wiley

Barros, G. S. C. (2016). Medindo o crescimento do agronegócio: bonança externa e preços relativos. In J. E. Vieira Filho (Ed.), Agricultura, transformação produtiva e sustentabilidade (pp. 219-249). Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG).

Barros, G. S. C., Castro, N. R., & Almeira, F. M. S. (2020). Direções do crescimento da agricultura. In J. E. Vieira Filho & J. Gasques (Eds.), Uma jornada pelos contrastes do Brasil: cem anos de Censo Agropecuário (pp. 51-66). Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). http://doi.org/10.38116/978-65-5635-011-0.

Barros, G. S. C., Castro, N. R., Fachinello, A. L., Silva, A. F., Machado, G. C., & Silva, R. P. (2022). PIB da cadeia de flores e plantas ornamentais brasileira: ano-base 2017. Centro de Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) e Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR). Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://www.cepea.esalq.usp.br/br/relatorios.aspx

Batt, P. J. (2001). Strategic lessons to emerge from an analysis of selected flower export nations. Journal of International Food & Agribusiness Marketing, 11(3), 41-54. http://doi.org/10.1300/J047v11n03_03

Bernard, A. B., Bradford Jensen, J., Redding, S. J., & Schott, P. K. (2007). Firms in international trade. The Journal of Economic Perspectives, 21(3), 105-130. http://doi.org/10.1257/jep.21.3.105

Bradsher, K. (2006, September 25). China’s two-pronged rose strategy. New York Times (pp. 1-5), New York.

Brasil. (1997, abril 28). Lei nº 9.456, de 25 de abril de 1997. Dispõe sobre a proteção de cultivares e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília.

Brasil. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. ComexStat. (2022). Comex Stat: exportação e importação geral (Base de dados). Recuperado em 3 de agosto de 2022, de http://comexstat.mdic.gov.br/pt/geral

Brasil. (2023). Ipeadata. Recuperado em 12 de junho de 2023, de http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx

Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. (2024). Relação Anual de Informações Sociais – RAIS (Base de dados). Recuperado em 3 de agosto de 2022, de http://acesso.mte.gov.br/portal-pdet/o-pdet/portifolio-de-produtos/bases-de-dados.htm

Buainain, A. M., & Batalha, M. O. (2007). Cadeias produtivas de flores e mel (Vol. 9). Brasília: IICA, MAPA/SPA.

Carmo, A. S. S., Raiher, A. P., & Stege, A. L. (2017). O efeito das exportações no crescimento econômico das microrregiões brasileiras: Uma análise espacial com dados em painel. Estudos Econômicos, 47(1), 153-183. http://doi.org/10.1590/0101-416147161aaa

CNA Brasil. (2022). Mercado de Flores no Brasil atingiu R$10,9 bilhões em 2021. Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://cnabrasil.org.br/noticias/mercado-de-flores-no-brasil-atingiu-r-10-9-bilhoes-em-2021#:~:text=De%202020%20para%202021%2C%20o,6%20bilh%C3%B5es%20do%20ano%20anterior

Contador, C. R. (1974). Dualismo tecnológico na agricultura: novos comentários. Pesquisa e Planejamento Economico, 4(1), 15-50.

Gabellini, S., & Scaramuzzi, S. (2022). Evolving consumption trends, marketing strategies, and governance settings in ornamental horticulture: a grey literature review. Horticulturae, 8(3), 234. http://doi.org/10.3390/horticulturae8030234

Gasques, J. G., Bacchi, M. R. P., Bastos, E. T., & Valdez, C. (2021). PTF e impactos de políticas públicas. Revista de Política Agrícola, 30(3), 72.

Grisotto, M. C. (2019). O sistema agroindustrial de exportação de rosas: um estudo comparativo entre o Brasil e a Colômbia (Dissertação de mestrado). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

Guimarães, P. R. B. (2008). Métodos quantitativos estatísticos. Curitiba: IESDE Brasil S.A.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. 2022a). Estimativas da população (Base de dados). Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6579

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2022b). Índice nacional de preços ao consumidor (Base de dados). Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/snipc

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2024). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Base de dados). Recuperado em 15 de janeiro de 2022, de https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/17270-pnad-continua.html

Jones, C. I. (2016). The facts of economic growth. In J. B. Taylor & H. Uhlig (Eds.), Handbook of macroeconomics (Vol. 2, pp. 3-69). Elsevier. http://doi.org/10.1016/bs.hesmac.2016.03.002.

Junqueira, A. H., & Peetz, M. S. (2008). Mercado interno para os produtos da floricultura brasileira: características, tendências e importância socioeconômica recente. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, 14(1), 37-52. http://doi.org/10.14295/rbho.v14i1.230

Kaldor, N. (1970). The case for regional policies. Scottish Journal of Political Economy, 17(3), 337-348. http://doi.org/10.1111/j.1467-9485.1970.tb00712.x

Lamfalussy, A. (1963). The meaning and implications of export-led growth. In A. Lamfalussy (Ed.), The United Kingdom and the Six. London: Palgrave Macmillan. http://doi.org/10.1007/978-1-349-81717-7_9.

Machado, L. N., & Carrara, A. F. (2020). Exportação de commodities minerais e crescimento econômico: uma análise da hipótese Export-Led Growth para o Brasil. Revista de Desenvolvimento e Políticas Públicas, 4(1), 55-76. http://doi.org/10.31061/redepp.v4n1.55-76

Neves, M. F., & Pinto, M. J. A. (2015). Mapeamento e quantificação da cadeia de flores e plantas ornamentais do Brasil. OCESP. Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://abcsem.com.br/wp-content/uploads/2024/07/Livro_MapeamentoeQuantificacaoCadeiadeFlores_FINAL.pdf

North, D. C. (1955). Location theory and regional economic growth. Journal of Political Economy, 63(3), 243-258. http://doi.org/10.1086/257668

North, D. C. (1959). Agriculture in regional economic growth. Journal of Farm Economics, 41(5), 943-951. http://doi.org/10.2307/1235230

Oliveira, A. A. P., & Brainer, M. S. C. P. (2007). Floricultura: caracterização e mercado (Vol. 16). Banco do Nordeste do Brasil. Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://bnb.gov.br/s482-dspace/bitstream/123456789/193/1/2007_SDET_16.pdf

Oliveira, P. H. A., & Maciel, L. S. (2021). Teoria do crescimento liderado pelas exportações: uma avaliação empírica para o Brasil. Economia e Sociedade, 30(3), 869-896. http://doi.org/10.1590/1982-3533.2021v30n3art04

Organisation for Economic Co-operation and Development – OCDE. (2022). Real GDP long-term forecast (Base de dados). Paris. Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://www.oecd.org/en/data/indicators/real-gdp-long-term-forecast.html

Paiva, R. M. (1968). O mecanismo de autocontrole no processo de expansão da melhoria técnica da agricultura. Revista Brasileira de Economia, 22(3), 5-38.

Paiva, R. M. (1971). Modernização e dualismo tecnológico na agricultura. Pesquisa e Planejamento Economico, 1(2), 171-234.

Paiva, R. M. (1975). Modernização e dualismo tecnológico na agricultura: uma reformulação. Pesquisa e Planejamento Economico, 5(1), 117-161.

Pereira, W., Porcile, G., & Furtado, J. (2011). Competitividade internacional e tecnologia: uma análise da estrutura das exportações brasileiras. Economia e Sociedade, 20(3), 501-531. http://doi.org/10.1590/S0104-06182011000300003

Porter, M. E., Ramirez-Vallejo, J., & van Eenennaam, F. (2011). The Dutch Flower cluster. Boston: Harvard Business School.

Reis, E. (2008). Estatística descritiva. Lisboa: Edições Sílabo.

Ricardo, D. (1817). Princípios de economia política e tributação (P. H. R. Sandroni, Trad.). São Paulo: Victor Civita.

Schuh, E. (1973). Modernização e dualismo tecnológico na agricultura: alguns comentários. Pesquisa e Planejamento Economico, 3(1), 51-94.

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. (2015a). Flores e plantas ornamentais do Brasil (Vol. 1). Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/7ed114f4eace9ea970dadf63bc8baa29/$File/5518.pdf

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE. (2015b). Flores e plantas ornamentais do Brasil (Vol. 3). Recuperado em 3 de agosto de 2022, de http://www.hortica.com.br/artigos/2015/FPO_BR_Estudos_Mercadologicos_2015_Vol3.pdf

Silva, L. L. S., Lima, A. F. R., Polli, D. A., Razia, P. F. S., Pavão, L. F. A., Cavalcanti, M. A. F. de H., & Toscano, C. M. (2020). Medidas de distanciamento social para o enfrentamento da COVID-19 no Brasil: caracterização e análise epidemiológica por estado. Cadernos de Saude Publica, 36(9), 1. http://doi.org/10.1590/0102-311x00185020

Soncin, C. A., Lupo Neto, W., Souza, D., Telhado, S. F. P., & Caixeta Filho, J. V. (2004). Logística de exportação de flores no Brasil. In Anais do XLII Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia Rural, Cuiabá, Brasil.

United Nations. (2022a). UN Comtrade: United Nations Comtrade database. Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://comtradeplus.un.org/

United Nations. (2022b). Probabilistic population projections 2019 based on the world population prospects. Recuperado em 3 de agosto de 2022, de https://population.un.org/wpp/2022

Vaz, D. V., & Hoffmann, R. (2021). Evolução do padrão de consumo das famílias brasileiras entre 2008 e 2017. Economia e Sociedade, 30(1), 163-186. http://doi.org/10.1590/1982-3533.2020v30n1art08

Vieira Filho, J. E., & Gasques, J. (2020). Uma jornada pelos contrastes do Brasil: cem anos de Censo Agropecuário. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
 


Submitted date:
06/15/2023

Accepted date:
10/30/2024

679a29ffa953955dc547f0f2 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections