Agricultura familiar, extrativismo e sustentabilidade: o caso dos "samambaieiros" do litoral norte do Rio Grande do Sul
Rafael Perez Ribas; Christiane Marques Severo; Lovois de Andrade Miguel.
Resumo
O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre a sustentabilidade dos agricultores extrativistas da região da Encosta Atlântica do Rio Grande do Sul. O extrativismo em questão é de uma espécie conhecida popularmente como samambaia-preta [Rumohra adiantiformis (G.Forest.) Ching]. Estima-se que 3 mil famílias da região têm nesta atividade, não-regulamentada por lei, sua principal fonte de renda. O grau de sustentabilidade dos agricultores foi estimado através da adoção de informações relativas às dimensões ambiental, social e econômica e aos critérios de produtividade, estabilidade, equidade, resiliência e autonomia. A análise focou-se na comparação entre os Índices Relativos das Dimensões (IRD), dos Critérios (IRC) e de Sustentabilidade (IRS) de cada tipo de sistema de produção. Os resultados apontaram para a existência de 4 tipos de sistemas de produção, sendo 3 deles abrangidos nessa pesquisa. Os sistemas de produção dos tipos 1 e 2 se caracterizam pela baixa disponibilidade de meios de produção e por uma grande dependência de rendas não-agrícolas e do extrativismo. O sistema de produção do tipo 3 é caracterizado pela prática de agricultura de subsistência e de atividades agrícolas de cunho comercial, sem depender muito da prática extrativista. Os indicadores de sustentabilidade apontaram que o sistema de produção do tipo 3 se mostrou o mais sustentável, seguido pelo tipo 2 e, por último, pelo tipo 1.