A AÇÃO SOCIAL DA EMBRATER: AUTONOMIA DO PEQUENO AGRICULTOR OU ACUMULAÇÃO CAPITALISTA?
JOÃO CARLOS CANUTO; GUSTAVO M. QUESADA
Resumo
O presente trabalho visa explorar de forma preliminar a questão de quais as razões que justificam a existência de uma ação "social" no trabalho da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMBRATER, quando seu "projeto" é essencialmente de transferência de tecnologia. Para responder a esta questão pensamos ser necessário estabelecer certas relações a nível sócio-econômico global: relação entre capital e Estado e relação capital/Estado com tecnologia. Especificamente se pretende responder à questão por três vias (complementares e associadas) - a ação "social", ao contrário do que prega o discurso desenvolvimentista da Empresa (desenvolvimento rural, redução da pobreza), se justifica: a) pela necessidade de acumulação de capital (reprodução da força de trabalho); b) pela necessidade de legitimação do Estado e c) pelo compromisso histórico humanista de uma parcela de técnicos da Empresa, os quais reagem à orientação meramente produtivista.
Palavras-chave
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Submetido em:
06/07/1983
Aceito em:
02/05/1984