Revista de Economia e Sociologia Rural
https://revistasober.org/article/5d8ba5200e8825074ff2a2f5
Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo original

QUEM GANHOU E QUEM PERDEU COM A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA

Eliseu Alves

Downloads: 6
Views: 1615

Resumo

Os benefícios da modernização foram apropriados pelas cidades e pelo comércio internacional. Um grupo de agricultores, no processo de modernização, conseguiu acumular recursos, que foram utilizados para financiar a implantação de novas tecnologias e saldar compromissos financeiros. Hoje, eles são capazes de sobreviver, independentemente do crédito rural, embora dele se utilizem, nos limites da prudência. Esse grupo de agricultores, estimado entre 600 mil e um milhão de estabelecimentos, também tirou proveito do progresso da agricultura. Nesse grupo, assenta-se a agricultura moderna; compõese de pequenos, médios e grandes agricultores, responsáveis pelo bom desempenho da agricultura nacional. Pelo Censo Agropecuário de 1995-1996, o número de estabelecimentos equivaleu a 4,860 milhões. Assim, o número de estabelecimentos à margem da modernização, sem condições de sobre vi ver no longo prazo, porque eles têm renda líquida pequena, comparada com alternativas urbanas, ou mesmo negativa, situa-se entre 3,860 e 4,260 milhões, ou seja, entre 79,4% e 87,6%, estando, pelo menos, a metade deles no Nordeste (Alves et al., 1999). A exclusão tem, portanto, dimensões assustadoras2 • Como mostrado a seguir, no agregado a agricultura cresceu a taxas expressivas. A distribuição dos benefícios, no entanto, é fortemente favorável aos consumidores e a determinados grupos de agricultores. Convém notar que a exclusão é no sentido tecnológico e de renda proveniente das atividapes agrícolas. É claro que a família pode sobreviver, ainda morando no meio rural, realizando tarefas fora do estabelecimento, mas, no longo prazo, não irá manter um estabelecimento de renda líquida negativa ou sem a capacidade de remunerar o empreendedor competitivamente.

References

ALVES, E. A agricultura familiar como prioridade da Embrapa. Brasília: Embrapa/SEA, 2001.

ALVES, E.; LOPES, M.; CONTINI, E. O empobrecimento da agricultura brasileira, Revista de Política Agrícola, v.8, n.3, p.5-19, jul.-ago.-set. 1999.

ALVES, E.; SOUZA, G. S.; BRANDÃO, A. S. P. A situação do produtorcommenosde100hectares. RevistadePolíticaAgrícola, v.10, n.1, p. 27-36,jan.-fev- mar. 2001.

BANERJEE, A.; MOOKHERJEE, D.; MUNSHI, K.; RAY, D. Inequality, control rights, and rent seek:ing: sugar cooperatives in Maharashtra. Journal ofPolitical Economy, v.109, n.1, p. 138-190, 2001.

BARRO, J. M.; RIZZIERI, J. A. B. Os efeitos da pesquisa agrícola para o consumidor: relatório em andamento. São Paulo: FIPE,junho 2001.

GASQUES, J. G.; CONCEIÇÃO, J. C. P. R. Transformações estruturais da agricultura e produtividade total dos fatores. Brasília: IPEA, 2000. (Texto para discussão, n.768).

GROSSI, M. E.; SILVA, G., J. A distribuição da população rural brasileira economicamente ativa 1981/1995 - Espaço e geografia. Brasília: UNB/GEA,1999. p.95-110.

NUNES, E. P.; CONTINI, E. Complexo Agroindustrial brasileiro: caracterização e dimensionamento. Brasília: ABAG, 2001.

PAIVA, R. M. Os baixos níveis de renda e salários na agricultura brasileira. ln: CONTADOR, C. R. (Ed.). Tecnologia e desenvolvimento agrícola. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1975. p. 195-231.

PARRÉ, J. L.; GUILHOTO, J. M. A desconcentração regional do agronegócio brasileiro. Revista Brasileira de Economia, v.55, n.2, p. 223-251, 2001.

VEIGA,JOSÉ ELI DA.(emcolaboraçãocomFavareto,A.;Azevedo, Bittencourt, C. M. A G.; Vecchiatti, K.; Magalhães, R.; Jorge, R.). O Brasil Rural precisa de uma estratégia de desenvolvimento. Brasília: NEAD, MDA, 2001. (Texto Provisório para Discussão).

5d8ba5200e8825074ff2a2f5 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections