Revista de Economia e Sociologia Rural
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Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo original

QUEM GANHOU E QUEM PERDEU COM A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA

Eliseu Alves

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Resumo

Os benefícios da modernização foram apropriados pelas cidades e pelo comércio internacional. Um grupo de agricultores, no processo de modernização, conseguiu acumular recursos, que foram utilizados para financiar a implantação de novas tecnologias e saldar compromissos financeiros. Hoje, eles são capazes de sobreviver, independentemente do crédito rural, embora dele se utilizem, nos limites da prudência. Esse grupo de agricultores, estimado entre 600 mil e um milhão de estabelecimentos, também tirou proveito do progresso da agricultura. Nesse grupo, assenta-se a agricultura moderna; compõese de pequenos, médios e grandes agricultores, responsáveis pelo bom desempenho da agricultura nacional. Pelo Censo Agropecuário de 1995-1996, o número de estabelecimentos equivaleu a 4,860 milhões. Assim, o número de estabelecimentos à margem da modernização, sem condições de sobre vi ver no longo prazo, porque eles têm renda líquida pequena, comparada com alternativas urbanas, ou mesmo negativa, situa-se entre 3,860 e 4,260 milhões, ou seja, entre 79,4% e 87,6%, estando, pelo menos, a metade deles no Nordeste (Alves et al., 1999). A exclusão tem, portanto, dimensões assustadoras2 • Como mostrado a seguir, no agregado a agricultura cresceu a taxas expressivas. A distribuição dos benefícios, no entanto, é fortemente favorável aos consumidores e a determinados grupos de agricultores. Convém notar que a exclusão é no sentido tecnológico e de renda proveniente das atividapes agrícolas. É claro que a família pode sobreviver, ainda morando no meio rural, realizando tarefas fora do estabelecimento, mas, no longo prazo, não irá manter um estabelecimento de renda líquida negativa ou sem a capacidade de remunerar o empreendedor competitivamente.

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